MST desocupa propriedades da Suzano invadidas no sul da Bahia

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Área da Suzano ocupada pelo MST na Bahia. Foto: Coletivo de Comunicação do MST na Bahia.

São Paulo – A Suzano confirmou que as três áreas de sua propriedade, localizadas nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas (BA), foram desocupadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta terça-feira e que está conduzindo uma apuração dos prejuízos causados.

“A saída dos locais, em cumprimento à decisão da Justiça, ocorreu de forma pacífica e organizada”, disse a empresa, em nota.

Em decisão do Tribunal de Justiça da Bahia, ontem (6/3), o juiz Renan Souza Moreira determinou reintegração da fazenda de eucalipto da Suzano, em Mucuri, na Bahia, que foi ocupada pelo MST na última segunda-feira. O documento oficial determinou, ainda, multa de R$ 5 mil por dia em caso de outras áreas ocupadas na região. O Juiz determinou também que o MST apresente em até 15 dias uma resposta à ação.

O MST, por sua vez, disse que “mesmo após a desocupação da área, as famílias reafirmaram a disposição para seguir na luta, para que seja reconhecido o direito constitucional da execução da Reforma Agrária. E aguardam com expectativa o resultado da reunião marcada para esta quarta-feira (8/3), às 14h, em Brasília/DF, que será mediada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, onde estarão reunidas as partes que representam a empresa, o MST, governo federal e governo estadual.”

O movimento alega que as áreas foram ocupadas na última semana “como forma de cobrar um compromisso feito pela multinacional papeleira de dispor terras para assentar 650 famílias na região.”

O movimento confirmou que a reintegração de posse ocorreu de forma pacífica, acompanhada pela Assistência Social, por policiais militares e seguranças da empresa e que os trabalhadores e trabalhadoras rurais que sofreram o despejo seguiram para acampamentos vizinhos.

O MST também critica o uso de 70% das áreas agricultáveis no sul da Bahia pela empresa Suzano para o monocultivo de eucaliptos – que chama de “deserto verde” – e que há mais de três décadas causa “problemas ambientais e sociais seríssimos”.

“As famílias que moram nas áreas próximas das instalações da papeleira, sofrem com a pulverização aérea de agrotóxicos, com o sumiço das abelhas, com os problemas relacionados à escassez hídrica e envenenamento das águas nos municípios, tudo isso como impacto do deserto verde dos eucaliptos, afirma Eliane Oliveira, diretora estadual do MST-BA.