Moody’s afirma rating da Localiza em Ba2 e muda perspectiva muda para estável

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Foto divulgação: Localiza

São Paulo – A agência de classificação de risco Moody’s afirmou a nota de crédito Ba2 da Localiza e mudou a perspectiva do rating em revisão para estável, incluindo a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que, em 15 de dezembro, aprovou a fusão da companhia com a Unidas com restrições, incluindo a venda de parte de sua frota, agências e lojas de carros usados no segmento de locação, a alienação da marca Unidas, limitações para maior crescimento inorgânico, entre outras.

A perspectiva estável reflete as expectativas da Moody’s de que a Localiza irá continuar a crescer, mantendo uma rentabilidade sólida e alavancagem e geração de caixa adequadas. Assim, a agência concluiu a atualização iniciada em 20 de novembro de 2020, informou, em nota.

No entendimento da agência, apesar das melhorias esperadas com a operação, como o aumento do porte da companhia, sua força de barganha e lucratividade devido às sinergias de custos, as restrições impostas pelo órgão antitruste vão limitar o potencial de lucratividade e participação de mercado da empresa, especialmente no segmento de aluguel de automóveis. Assim, as métricas de crédito e geração de caixa da Localiza não mudarão imediatamente após a incorporação e a empresa incorrerá em riscos de integração e execução, implicando em uma alavancagem ajustada pela Moody’s de cerca de 3-4x durante os ciclos de crescimento.

“Além disso, a Localiza permanecerá exposta ao ambiente econômico do Brasil e ao mercado de dívida local para financiar o crescimento futuro da frota, que limita a capacidade da empresa de ser avaliada acima da classificação soberana do Brasil (Ba2 estável) no fechamento da transação”, disse a agência.

A classificação Ba2 da Localiza é suportada pela estabilidade operacional da empresa, por seu desempenho e fluxo de caixa, modelo de negócios resiliente e flexível, o que a ajuda a enfrentar desacelerações econômicas e do mercado automotivo, além de práticas adequadas de governança corporativa da empresa e forte liquidez. Por outro lado, a classificação é limitada pela natureza de capital intensivo do negócio de aluguel de automóveis, falta de uma pegada internacional significativa, com praticamente 100% das receitas geradas no Brasil e pela crescente alavancagem bruta da empresa – que deve chegar a 3,5 vezes – decorrente de sua estratégia de crescimento rápido e os riscos de integração e execução relacionadas à fusão.

A Moody’s estima que a Localiza irá gerar receita anual de cerca de R$ 15-17 bilhões e margem ebitda entre 25-30% após a fusão e restrições impostas pelo Cade, com uma frota total de cerca de 400-450 mil carros, representando 40% a 45% da locação total de veículos no Brasil e no setor de gestão de frotas. “A fusão aumentará a exposição da empresa no segmento de gestão de frotas, que possui um modelo de negócios menos flexível do que o negócio de aluguel de automóveis, mas isso traz mais estabilidade ao fluxo de caixa devido à existência de contratos de longo prazo com clientes”, comentou a Moody’s.