Minerva vê mercado para exportação atrativo e melhora interna

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

São Paulo – Apesar de os preços de proteínas terem subido em função da elevação de preços de grãos, a Minerva está otimista com a demanda para exportação, principalmente na Ásia, e vê uma melhora do mercado interno, com aumento do consumo do segmento “food service” após redução de restrições em função da pandemia.

Segundo o diretor-presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, os preços de grãos impactam as proteínas em geral já que os mercado estão cada vez mais inter-relacionados, porém, essa elevação prejudica também a produção de gado confinado nos Estados Unidos e há uma forte queda da produção na Austrália, o que faz com que os mercados onde a Minerva está presente na América do Sul levem vantagem competitiva.

Queiroz ainda disse que, agora, a previsão é que os preços da arroba do boi devem ficar estáveis até o fim do ano.

“Isso só reforça nossa tese de que estamos bem posicionados na maior plataforma de produção. A Austrália está tendo uma crise bastante grande, a produção caiu mais de 30% lá, e a América do Sul está ocupando espaço de concorrentes. Também houve novas aberturas de mercados”, disse em teleconferência de analistas sobre os resultados do segundo trimestre.

No mercado doméstico, afirmou que o fim de restrições está ajudando e também têm visto maior demanda da indústria por processados e potencial para o consumo de cortes mais nobres.

Na Argentina, o executivo destacou que a política da companhia também é voltada para a exportação e está indo bem mesmo com mudanças e restrições impostas pelo governo, o que avaliam que terá impacto positivo ao levar a uma formalização maior do setor no país.

“Nós aproveitamos a imagem positiva que a carne argentina tem no exterior, somos muito bem colocados dentro da exportação do país e fomos capazes de reagir e mitigar parte das restrições. Também vemos de forma muito positiva a formalização cada vez maior, com regras mais iguais para todos os players”, afirmou.

Já questionado sobre a demanda chinesa e sobre possíveis mudanças no processo de habilitação de novas plantas para exportação para o país, o presidente da Minerva disse que não viu nenhuma mudança até o momento e que a expectativa é de novas autorizações.

“Falando com o governo brasileiro, os processos parecem normais, então, devemos sim ter novas habilitações de plantas para a China e não só no Brasil, mas no Uruguai e outros países da América do Sul”, disse.

DIVIDENDOS E DIVIDA

Com o cenário se mantendo favorável como o previsto, a Minerva espera distribuir no mínimo 50% do seus lucro líquido em dividendos este ano, de acordo com o previsto na sua política de pagamento de dividendos.

A companhia também espera reduzir a sua alavancagem para que ocorra esse movimento, que deve chegar a 3,5 vezes o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ou menos, além de afirmar que a sua dívida bruta deve cair entre R$ 1 e R$ 1,5 bilhão. “Alongamos nossa dívida e colocamos mais dinheiro no caixa para pagar as dívidas mais curtas, o caixa deve cair para entre R$ 4 e R$ 5 bilhões para contribuir para diminuir a dívida bruta”, explicou.

Questionada sobre a alocação de capital, a companhia reiterou a prioridade de distribuir dividendos, mas disse que segue atenta a oportunidades.

“O principal objetivo tem sido devolver dinheiro para os acionistas para pagamento de dividendos, mas estamos abertos a boas oportunidades de fusões e aquisições, fizemos uma aquisição pontual e estamos bastante atentos, mas qualquer passo vai ser no sentido de não piorar a nossa estrutura de capital”, disse.