Mercados passam por correção; Bolsa sobe e dólar cai

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 1,33%, aos 97.012,07 pontos, recuperando parte das perdas de ontem sustentado principalmente por ações do setor financeiro e acompanhando a melhora das Bolsas norte-americanas.

No entanto, o índice mostrou certa volatilidade ao longo do pregão com o cenário externo ainda de cautela em meio aos alertas dados pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, e à espera pelo pacote de estímulos econômicos nos Estados Unidos, além de monitorar o aumento de casos de coronavírus. O volume total negociado foi de R$ 25,4 bilhões.

“As Bolsas norte-americanas deram uma melhorada em relação à abertura do pregão e os papéis de bancos, que caíram ontem, estão subindo hoje. Mas não há novidades no cenário”, disse o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa.

Investidores voltaram a buscar ações mais baratas após as quedas da Bolsa nos últimos dias, que fizeram o índice voltar à faixa dos 95 mil pontos ontem. Os papéis do setor financeiro se destacaram, caso do Itaú Unibanco (ITUB4 2,44%). As maiores altas do Ibovespa foram do IRB Brasil (IRBR3 12,38%), que avançaram na esteira de ganhos de ontem, quando divulgou dados positivos, além dos papéis da B3 (B3SA3 5,51%), da Qualicorp (QUAL3 4,96%) e da Petro Rio (PRIO3 4,73%).

Ao lado da Petro Rio, os papéis da Petrobras (PETR3 0,84%) também passaram a subir mais acompanhando a alta dos preços do petróleo, embora tenham reduzido ganhos perto do fim o dia.

Na contramão, as maiores perdas do índice foram da CSN (CSNA3 -1,80%), da Localiza (RENT3 -1,66), que devolveram as fortes altas de ontem após anúncio de incorporação da Unidas, e da Suzano (SUZB3 -1,71%).

No exterior, as Bolsas norte-americanas fecharam em leve alta após volatilidade ao longo do dia. Para a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, algum pacote de ajuda deve sair “para acalmar ânimos” no país e após Powell alertar que o apoio fiscal do governo é necessário para que a economia continue se recuperando. No entanto, acredita que ele pode não ser do tamanho esperado pelo mercado e será preciso acompanhar as negociações entre democratas e republicanos.

Pasianotto destaca ainda que, mais cedo, dados mostraram que os pedidos de seguro-desemprego voltaram a subir na última semana, mantendo dúvidas sobre o ritmo da retomada econômica nos Estados Unidos.

Já na cena doméstica, para a economista, o relatório trimestral de inflação ajudou ao trazer algumas perspectivas um pouco melhores para a economia local, apesar de ainda estar no radar o risco fiscal e as articulações políticas em torno da tentativa do governo de criar um novo imposto.

Amanhã, a agenda de indicadores está esvaziada e o destaque serão os pedidos de bens duráveis norte-americanos. Para a economista da Reag, apesar da recuperação de hoje, a tendência é a Bolsa continuar volátil diante de incertezas políticas e econômicas que persistem.

O dólar comercial fechou em queda de 1,43% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5120 para venda, interrompendo uma sequência de quatro altas seguidas, em sessão de forte volatilidade e amplitude da moeda seguindo o exterior onde as divisas de países emergentes buscaram correção, em meio às quedas recentes. Nos Estados Unidos, o ambiente ficou mais positivo após sinais de que o pacote de estímulo fiscal poderá voltar a ser discutido no Congresso.

Na primeira parte dos negócios, a moeda norte-americana oscilou forte, sem direção única, chegando a renovar máximas sucessivas acima de R$ 5,62 – no maior patamar intraday desde 26 de agosto.

“Nível que originou um desmonte de posições defensivas na moeda estrangeira por receio de uma possível atuação do Banco Central, o que levou o dólar a voltar a transitar abaixo dos R$ 5,60”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik. A última atuação da autoridade monetária por meio de leilões de venda de dólares no mercado à vista foi em meados do mês passado diante a escalada do dólar acima do nível de R$ 5,60.

À tarde, a divisa renovou mínimas sequenciais a R$ 5,49 acompanhando a melhora no apetite por ativos de risco no exterior com novas perspectivas em torno de um pacote fiscal nos Estados Unidos após a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, declarar que os democratas estão prontos para uma discussão sobre o auxílio adicional.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, vem citando o “apoio adicional” como “necessário” para mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia norte-americana.

Para o especialista da Portofino Investimentos, Thomás Gilbertoni, as notícias e preocupações em torno do aumento de casos de contaminação pelo coronavírus em países da Europa, principalmente, corroborou para a recuperação das moedas emergentes na sessão. “Nos últimos dias, tivemos uma forte desvalorização [dessas moedas] baseada no aumento de casos de covid-19 no mundo”, diz.

Gilbertoni pondera que, como a semana foi “muito ruim” para os ativos globais, amanhã “pode ser que seja pouco melhor”, com tendência para o dólar ter movimento lateral em sessão, normalmente, de menos negócios e com a agenda de indicadores esvaziada. “Mas uma discussão mais aprofundada, mais notícias sobre o pacote de estímulo fiscal nos Estados Unido pode fazer preço”, acrescenta.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram em queda acelerada, firmando uma trajetória negativa após abrir o pregão sem uma direção definida. A curva a termo acompanhou o recuo firme do dólar e os ganhos da Bolsa brasileira, em um dia de recuperação dos ativos locais, abrindo espaço para uma devolução dos prêmios embutidos ontem. A mensagem deixada pelo Banco Central nesta semana também favoreceu o movimento.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 2,83%, de 2,97% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,25%, de 4,45% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,21%, de 6,43%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,19%, de 7,40%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo liderados por uma recuperação nas ações de empresas de tecnologia, apesar das preocupações sobre novos casos de coronavírus.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,20%, 26.815,44 pontos

Nasdaq Composto: +0,37%, 10.672,26 pontos

S&P 500: +0,29%, 3.246,59 pontos