Mercado de finanças ESG deve dobrar e movimentar US$ 20 bilhões em 2021

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São Paulo – O mercado de instrumentos financeiros rotulados como “ESG” (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança), ou “verde”, “social”, “transitável” e atrelados a metas sustentáveis deve movimentar US$ 20 bilhões este ano, o dobro de 2020, com forte demanda na área de infraestrutura e energias renováveis e atuação dos bancos na estruturação das operações.

“O mercado brasileiro, ao contrário do internacional, tem maior volume de emissões (87%) entre as empresas não financeiras e os 13% restantes no setor financeiro. O papel dos bancos é duplo, eles podem coordenar as ofertas ou fazer as emissões, portanto, sem eles esse mercado não funciona”, disse Gustavo Pimentel, diretor executivo da Sitawi, organização que oferece assessoria a investimentos foco socioambiental, que apresentou os números no painel sobre finanças verdes, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Segundo o especialista, o crescimento do mercado se deve ao aumento do interesse dos investidores pelas pautas sociais e ambientais, intensificado pela pandemia, e pode resultar em discursos que não condizem com as práticas, que no ‘jargão’ do setor é chamado de ‘greenwashing’.

“O ‘greenwashing’ é uma realidade, nesse sentido, contar com avaliações externas e independentes para verificar a consistência dos investimentos é importante para combater essas práticas. E uma regulação nesse sentido pode ser positiva”, comentou.

Nesse contexto, o Bradesco anunciou há um mês a meta de investir R$ 250 bilhões em crédito para sustentáveis até 2025 e disse atuar como um mediador de riscos, avaliando os aspectos negativos para a atividade dos clientes ao analisar os investimentos em ESG, como em emissão de carbono.

“A integração do ESG nos negócios é inegável, no sentido de avaliar o impacto das questões ambientais e mudanças climáticas dos negócios. Os bancos devem fomentar a geração de energia renovável e transição para modelos operacionais mais limpos”, disse Oswaldo Tadeu Fernandes, CFO do Bradesco.

Em relação ao plano de desenvolvimento sustentável da Amazônia anunciado no ano passado em parceria com o Itaú e o Santander, que prevê medidas de de apoio à preservação ambiental, bioeconomia e direitos básicos da população local, o executivo disse que estão realizando parcerias para entender a economia e gerar renda, mas não deu mais detalhes.

O Bradesco tem 150 pontos de atendimento e 5 mil correspondentes bancários no Amazonas, além de agências flutuantes que atendem clientes na região do Rio Amazonas.

Para o BTG Pactual, o ‘greenwashing’ pode pode levar os investidores a não apoiar determinados projetos.

“Entendemos que o nosso papel é ajudar as empresas a estabelecer metas sustentáveis, ligados a indicadores de desempenho”, afirmou Mariana Oiticica, sócia de planejamento patrimonial e Impacto do BTG Pactual.

O BNP Paribas disse que atualizou a política de sustentabilidade para envolver os clientes na definição de estratégias e quer alcançar 3 bilhões de euros para recursos destinados a empresas que desenvolvem soluções em prol da biodiversidade.

“Buscamos apoiar as empresas na definição de metas atreladas à materialidade dos seus negócios”, disse Katerina Elias-Trosmann, gerente de sustentabilidade do BNP Paribas Brasil.