MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – A Bolsa sobe mais de 2% favorecida pela notícia de que a Evergrande vai conseguir honrar com um dos compromissos. A unidade da gigante do setor imobiliário chinês, a Hengda, garantiu que fará o pagamento de juros de um título doméstico com data para vencer amanhã (23) e conseguiu acalmar os mercados que temiam um calote. Os investidores ainda aguardam se o governo chinês irá socorrer a empresa.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 2,29%, aos 112.782,82 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 16,7 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava avanço de 2,56%, aos 113.065 pontos.
Na sessão de hoje, os investidores ainda esperam pelas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). Por aqui, o mercado aposta no aumento de 1 ponto porcentual na taxa de juros (Selic)-passando de 5,25% para 6,25%. Nos Estados Unidos a expectativa é sobre a retirada ou não do tapering.
As commodities metálicas vinham caindo nos últimos dias e com a elevação do minério- 16% no Porto de Quingdao, na China- as empresas voltaram a subir e são destaque na Bolsa. As ações da Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) subiam 9,05%, 7,20% e 2,81%. Os papéis da mineradora Vale (VALE3) avançavam 3,12%.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, explicou que os investidores sentiram um certo alívio com a Evergrande. “O mercado absorveu bem o anúncio do pagamento de uma das dívidas da gigante do setor imobiliário e espera por mais medidas vindas da China para salvar a empresa e os compradores de imóveis”.
O analista da Codepe Corretora comentou que os investidores estão na expectativa do Fed. “Em função da economia nos Estados Unidos não estar muito aquecida, o ‘tapering’ não deve vir agora”. Ele chamou a atenção pela melhor performance das empresas ligadas às commodities e citou que “a Vale acompanha as mineradoras no exterior, como Anglo American, Rio Tinto e Glencore, que sobem na faixa de 3% a 4%”.
Em relação ao Copom e Fed, Fabio Astrauskas, CEO da consultoria Siegen e professor do Insper, acredita que a alta que virá na taxa de juros do Brasil “não será suficiente para  conter a inflação e a fuga de capital estrangeiro e, nos Estados Unidos, o banco central do país não deve promover a retirada de estímulos e nem subir os juros”.
Por aqui, os investidores ficam atentos aos desdobramentos dos precatórios após o acordo costurado entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Para Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, o anúncio do pagamento do cupom de juros por uma das subsidiárias da Evergrande “deve dar um alívio para os mercados globais e para as commodities metálicas. Não acredito que seja o final da história até que o problema seja estruturalmente endereçado, mas por momento poderia estancar o movimento negativo do mercado”, enfatizou.
Em relação à decisão do banco central norte-americano, Villegas comentou que embora o mercado esteja divido sobre o tapering, “acredito que o Fed deve continuar bastante conservador e a decisão de tirar os estímulos talvez tenha ficado para a próxima reunião devido aos eventos dos últimos dias e os dados da inflação que ainda não incomodaram nem a autoridade monetária e nem o mercado. Devemos ficar de olho se a China será citada”.
O estrategista de ações da Genial afirmou que “parece que há um caminho satisfatório para a solução dos precatórios, mas não se sabe se é definitivo, e se vai tirar um risco e ruído de curto prazo que vem pressionando e muito o mercado”.
Para os analistas da Sul América Investimentos, a Bolsa deve manter a alta acompanhando o mercado externo “com os investidores atentos ao Copom e Fed. No âmbito político, as negociações em torno dos precatórios seguem no radar, e que tudo indica, boa parte da dívida ficará fora do teto de gastos”.
O dólar segue operando misto, próximo à estabilidade. Enquanto uma solução para os precatórios parece tomar forma, o mercado aguarda o desfecho das reuniões de Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e Copom, que ocorrem hoje.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,24%, sendo negociado a R$ 5,2730 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2021 apresentava estabilidade, cotado a R$ 5,280.
De acordo com o economista-chefe da Necton, André Prefeito, “isso (o câmbio) pode ser uma leitura de que o Fomc pode ter uma fala mais clara sobre o início do tapering (remoção de estímulos), e por outro lado os juros brasileiros devem subir abaixo do que o mercado esperava há duas semanas. Essa somatória pode fazer com que o dólar ganhe força”.
Perfeito também acredita que algo for encaminhado na questão dos precatórios, pode aliviar principalmente os juros mais longos.
Para o analista da Levante, Enrico Cozzolino, “o dólar deve continuar fraco pelos estímulos que provavelmente serão mantidos nos Estados Unidos. A surpresa seria se o tapering começar depois do previsto”. Neste caso, a moeda norte-americana seria afetada negativamente.
“A não ser que ocorram surpresas nos Estados Unidos, o dólar futuro deve operar abaixo dos R$ 5,280”, pontua o analista.
O mercado também não aguarda surpresas para a reunião do Copom, já que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já deu a entender, na última semana, que o aumento da Selic deve ser de 1 ponto percentual.
Já com os precatórios, o desafio é outro: “Agora é preciso entender como isso será pago, como irão costurar este acordo”, pontua Cozzolino. Ainda existem muitas dúvidas que pairam sobre os termos desta negociação.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) seguem mistas, refletindo a cautela dos investidores diante das incertezas da “Super Quarta” – apelidado dado pelos investidores ao dia de hoje, que conta com o anúncio das decisões de política monetária do Fed e do Copom.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,130%, de 7,100% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,83%, de 8,835%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,840%, de 9,840% antes e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,230%, de 10,300%, na mesma comparação.