MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa opera em alta de aproximadamente 1% puxado pelo forte avanço das ações da Petrobras. Os papéis da companhia estatal de petróleo passaram a subir mais de 3% depois de o presidente Jair Bolsonaro ter declarado durante entrevista coletiva que não haveria interferência do governo sobre os preços dos combustíveis.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,14% aos 120.624,25 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2021 apresentava avanço de 1,43% aos 120.685 pontos.

“Numa resposta aos caminhoneiros e ao mercado, o presidente Bolsonaro e a equipe econômica conseguiram agradar a todos”, comentou André Perfeito, economista-chefe da Necton Corretora. “Aproveitaram a potencial crise da greve dos caminhoneiros para reafirmar a agenda econômica. Uma estratégia muito bem sucedida”, segundo ele.

A alta da Petrobras garante ao Ibovespa uma direção clara em um dia no qual o noticiário local ameaçava trazer volatilidade ao índice.

Ontem, apenas alguns dias depois de ver seus aliados assumirem o controle tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal, Bolsonaro deixou claro que sua prioridade é a chamada pauta moral, ou “agenda de costumes”. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, manteve a defesa das reformas exigidas pelos agentes do mercado financeiro, mas sugeriu a retomada do auxílio emergencial, desde que seja acionado o “botão da calamidade pública” em decorrência da pandemia.

Os comentários de Bolsonaro e Guedes vieram à tona em um momento no qual analistas mostravam-se eufóricos com a possibilidade de, com o controle das duas casas do Congresso por seus aliados, Bolsonaro encontrar caminho livre para emplacar na metade final de seu mandato a agenda ultraliberal personificada em Guedes. Afinal, ao longo dos primeiros dois anos de governo, bastava o Palácio do Planalto encontrar algum obstáculo no Congresso para Bolsonaro vir a público se queixar do comando do Parlamento.

“Guedes parece ter dado a senha para um novo auxílio emergencial”, observou Dan Kawa, sócio-diretor da TAG Investimentos. “A pressão política parece que será grande para sua atenção. Veremos se conseguirá ter alguma contrapartida que ajude a desanuviar o quadro fiscal”, observa ele.

Enquanto isso, a safra de balanços corporativos e o otimismo com a vacina mantêm as principais bolsas de valores do mundo no azul.

Após oscilar forte na abertura e operar sem rumo único, o dólar comercial acelerou as perdas frente ao real com o mercado doméstico reagindo às falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a política de combustíveis, afirmando que o governo não interferirá na Petrobrás e nem preços. Lá fora, o ambiente segue positivo para as moedas de países emergentes após os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, o payroll.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 1,76%, cotado a R$ 5,3530 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava recuo de 1,34%, cotado a R$ 5,356.

“Bolsonaro reafirma a cartilha liberal com combustíveis e isso agrada o mercado. Numa resposta aos caminhoneiros e ao próprio mercado, o presidente e a equipe econômica conseguiram agradar a todos mantendo a política de preços da Petrobrás. Aproveitaram a potencial crise da greve dos caminhoneiros para reafirmar a agenda econômica. Uma estratégia muito bem sucedida”, avalia o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito.

Em pronunciamento nesta manhã, Bolsonaro afirmou que o governo federal deve apresentar a partir da semana que vem um projeto de lei complementar (PLP) para prever que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis seja um valor absoluto – em vez de um valor porcentual – e incida sobre o preço destes produtos nas refinarias.

O presidente ainda defendeu que a tributação nos estados seja feita como ocorre na esfera federal com o PIS/Cofins, com um valor fixo a depender do combustível. “Quem vai definir esse percentual ou valor fixo serão as respectivas assembleias legislativas”, declarou, reiterando que o governo federal não vai interferir na política de preços da Petrobras para os combustíveis.

O diretor de uma corretora nacional reforça que a volatilidade da abertura refletiu a preocupação do mercado com a agenda do Congresso e o risco fiscal do país, após o ministro da Economia, Paulo Guedes, declarar ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que o pagamento do auxílio emergencial pode voltar, desde que como “calamidade pública”.

Mais cedo, também saiu o relatório do mercado de trabalho norte-americano, o payroll, no qual foram criadas 49 mil vagas de trabalho em janeiro, enquanto analistas esperavam a abertura de 50 mil novos postos. Já a taxa de desemprego caiu para 6,3%, de 6,7% em dezembro, abaixo da projeção de 6,7%.

O economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos, pondera que o resultado contradiz os sinais antecedentes que saíram nesta semana, como a alta do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços, a queda dos pedidos de seguro-desemprego e a pesquisa ADP, com os números do mercado de trabalho no setor privado.

“O desempenho do payroll esfria parte do otimismo com dados recentes e deve reforçar a demanda pela nova rodada de estímulo fiscal, em negociação no Congresso. Os resultados não alteram a percepção de que a economia dos Estados Unidos segue em recuperação, mas mantém um sinal de alerta em relação ao mercado de trabalho”, ressalta.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) apagaram a alta exibida logo na abertura do pregão, sob impacto do resultado salgado do IGP-DI e da chance de retorno do auxílio emergencial, e passaram a registrar leves oscilações, sem uma direção única. O movimento foi influenciado pelo dólar, que cai mais de 1%, na esteira dos dados fracos sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll).

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,390%, de 3,370% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,92%, de 4,875% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,34%, de 6,32%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,99%, de 6,99%, na mesma comparação.