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São Paulo – A aprovação de uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ontem aumentou o apetite por risco no mercado brasileiro, embora ainda haja dúvidas sobre a oferta de um dos imunizantes e a respeito de quanto tempo levará para que as doses sejam amplamente aplicadas. O feriado nos Estados Unidos ajuda a manter os investidores concentrados em questões locais, assim como o vencimento de opções sobre ações na B3.

Por volta das 13h30 (de Brasília), o Ibovespa subia 1,31%, a 121.937 pontos, enquanto o dólar comercial recuava 0,79%, aos R$ 5,2590. Entre os juros, as taxas dos contratos de DI para janeiro de 2022 caía para 3,260%, de 3,345% no ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2023 recuava para 4,945%, de 5,035%.

A autorização da agência é para a aplicação de aproximadamente 6 milhões de doses da vacina da Sinovac, que já estão em solo brasileiro, e de 2 milhões de doses do imunizante da Astrazeneca, que deveriam ter sido trazidas no final de semana mas tiveram a exportação bloqueada pela India, país onde foram produzidas. Segundo o Ministério da Saúde, estas doses devem chegar ao Brasil ainda esta semana.

O uso de outras doses das mesmas vacinas terá de passar pelo crivo da Anvisa novamente, seja por meio do protocolo de avaliação de uso emergencial, seja por meio do pedido de registro definitivo das vacinas – que na prática serve como autorização definitiva para o uso dos imunizantes.

A decisão da Anvisa serviu de alento depois de o Brasil ter na semana passada renovado a máxima histórica de novos casos de covid-19, com sinais claros de agravamento da pandemia em estados como Amazonas, Minas Gerais e São Paulo, que tiveram recorde de recém-infectados, segundo dados do Ministério da Saúde.

O número de novos casos de covid-19 no Brasil na semana encerrada no último sábado (16) aumentou 5,4%, para 379.061 – número que superou o recorde registrado na semana passada, de 359.593. A taxa de letalidade da covid-19 no Brasil atualmente é de 2,47%. Isso significa que cerca de 9.300 dos contaminados na semana passada devem morrer por causa da doença.

No entanto, há ruídos em relação ao cronograma de vacinação. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse mais cedo que a campanha de vacinação contra a covid-19, que inicialmente terá como alvo profissionais de saúde, poderá começar hoje.

Ontem, ele havia dito que a vacinação começaria a partir do dia 20 “simultaneamente” em todo o Brasil, embora em São Paulo o governador João Doria tenha anunciado que a vacinação no estado “deve começar imediatamente”.

“Os solavancos no programa de vacinação e a politização da logística e de outros aspectos do programa de imunização aumentam o risco de atrasos na campanha de vacinação”, disse o chefe da equipe de pesquisa econômica do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Goldman, em nota.

“Isto geraria obstáculos à atividade durante o primeiro semestre de 2021, somando-se ao impacto esperado nos gastos das famílias por causa da interrupção no final de 2020 dos programas federais de suporte fiscal e do recente aumento na inflação”, acrescentou.

Nos Estados Unidos, o Dia de Martin Luther King mantém os mercados financeiros norte-americanos fechados. O feriado tende a drenar consideravelmente a liquidez nos mercados financeiros internacionais.

Ainda no exterior, o PIB da China registrou crescimento acima das expectativas no quarto trimestre de 2020, assegurando expansão de 2,3% no acumulado do ano mais desafiador já enfrentado pela economia globalizada, o que tende a beneficiar commodities.

Edição: Gustavo Nicoletta (g.nicoletta@cma.com.br)