MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa acelerou perdas e mostra volatilidade refletindo as maiores quedas de ações de bancos e a ansiedade de investidores à espera da coletiva de imprensa do presidente norte-americano Donald Trump, que pode anunciar sanções à China. Há cautela também à espera do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, e de olho na ainda conturbada cena política doméstica.

Por volta das 13h30 (horáriod e Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,25%, aos 85.855,55 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava retração de 0,74%, aos 85.975 pontos.

“O mercado global de ações já perdeu força na tarde de ontem, quando Trump declarou que anunciará medidas contra a China nesta sexta-feira. Sem horário previsto, este comunicado de retaliação gera estresse e derruba as Bolsas de valores”, disse o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi.

A tensão entre Estados Unidos e China aumentou nos últimos dias depois que o país asiático aprovou uma resolução que autoriza a elaboração de uma nova lei de segurança nacional para Hong Kong. Trump já afirmou durante a semana que estuda possíveis sanções em retaliação à atitude chinesa.

Apesar do viés de queda que prevê hoje, Galdi destaca que o Ibovespa ainda pode encerrar o mês com alta na faixa de 7%, reduzindo um pouco a queda acumulada no ano em função da crise causada pelo coronavírus, que ficaria em cerca de 24%.

Entre as ações, as de bancos que já caíam desde a abertura, aceleraram perdas e pesam sobre o índice, caso do Bradesco e do Banco do Brasil. Já as maiores perdas do Ibovespa são das ações da Braskem, da Multiplan e da Ambev, que também têm grande peso no índice.

Na contramão, as maiores altas são de mineradoras e siderúrgicas, que seguem se recuperando depois de fortes quedas e impedem que o índice caia mais. Os papéis também refletem a alta dos preços do minério de ferro hoje, com o contrato mais negociado na Bolsa chinesa de Dalian subindo 3,18% a US$ 101,98/t. Se destacam os papéis da CSN, Usiminas, Bradespar e Vale.

Ao lado desses papéis, entre as maiores altas, ainda aparecem as ações da Embraer, que dispararam após uma reportagem da agência “Reuters” afirmar que há outras empresas estrangeiras interessadas na companhia depois que o acordo com a Boeing foi desfeito, entre elas chinesas.

O dólar comercial oscila forte frente ao real e firma sinal positivo refletindo a cautela dos investidores locais que acirram a tradicional “briga” da taxa Ptax de fim de mês, enquanto digerem o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre e aguardam pela entrevista coletiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no qual “prometeu” falar sobre a relação com a China.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,79%, sendo negociado a R$ 5,4290 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2020 apresentava avanço de 0,34%, cotado a R$ 5,426.

Em relação a formação de preço da Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês, o diretor de câmbio de uma corretora nacional ressalta que os “comprados estão mais fortes” e trabalhando para uma Ptax mais alta. “Hoje é briga de gente grande”, diz.

O economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, avalia que o movimento da moeda é uma soma de notícias, entre elas, o resultado PIB brasileiro que, apesar de vir dentro das expectativas -queda de 1,5% no primeiro trimestre do ano ante o trimestre anterior – confirma as apostas de que o Banco Central deverá cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ou em 0,75 ponto percentual no mês que vem.

“Tem a questão técnica. O dólar caiu bastante e agora, busca recuperação visto o resultado ruim do nosso PIB e essa questão do Trump. Não sabemos o que ele poderá anunciar, mas o mercado antecipa desde ontem que deverá ser algo negativo”, diz.

Ontem, perto do fim da sessão, o presidente norte-americano disse que daria uma entrevista coletiva para falar da China, em meio aos conflitos entre Pequim e Hong Kong. É esperado que ele anuncie sanções contra o país asiático, já que no meio da semana declarou que daria “uma resposta forte” caso a China adotasse uma lei de segurança sobre Hong Kong.

“A direção da moeda vai ficar condicionada ao que o Trump vai falar. De qualquer forma, essa declaração ontem ‘jogou água no chopp’, uma vez que os ativos globais vinham de uma semana de forte recuperação”, acrescenta Beyruti.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem sem uma direção única, com os investidores calibrando as expectativas em relação ao rumo da Selic, após as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e também dos números do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos três primeiros meses deste ano.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,31%, de 2,360% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,17%, de 3,19% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,24%, de 4,26%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,97%, de 6,02%, na mesma comparação.