MERCADO AGORA: Veja o resumo dos negócios até o momento

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São Paulo – A preocupação com o quadro da pandemia de covid-19 no Brasil, somada a receios com a situação fiscal do governo federal, depois de o candidato a presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) afirmar que a retomada da ajuda financeira à população é um assunto importante e que exigirá “sacrificar algumas premissas econômicas” aumentaram a aversão ao risco no mercado brasileiro, aprofundando as perdas do Ibovespa e ajudando a impulsionar a alta do dólar e das taxas de juros.

A cautela dos investidores também foi agravada pela notícia de que o Instituto Serum, uma das principais fábricas de vacina da India foi atingida por um incêndio. Esse instituto é o responsável por enviar 2 milhões de doses de vacina contra a covid-19 da Astrazeneca à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A exportação das doses para o Brasil, que já deveria ter ocorrido, foi bloqueada pelo governo indiano. O incêndio fez crescer o receio de que essas doses levarão muito mais tempo que o previsto para chegar, atrasando a campanha de imunização brasileira.

Por volta das 13h30 (de Brasília), o Ibovespa caía 1,34%, para 118.034 pontos, enquanto o dólar comercial subia 1,41%, para R$ 5,3830. Entre os juros, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro subiam para 3,390%, de 3,245% ontem, enquanto as taxas para janeiro de 2023 aumentavam para 5,13%, de 4,96%.

No caso dos juros, a alta é motivada também pela sinalização do Banco Central de que abandonou o compromisso de manter a Selic em 2% ao ano. Com isso, a taxa pode subir em qualquer uma das próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Nenhum dos analistas consultados pela Agência CMA, porém, espera essa elevação para março, quando acontecerá o próximo encontro do colegiado.

A maioria das estimativas aponta para o Copom elevando a Selic entre maio e junho, incrementando a taxa até perto de 3% ao ano no final de 2020, mas este ritmo de alta não é consenso – há quem espere avanços mais intensos.

O economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos, ressalta que, se a incerteza com a economia é um fator a recomendar cautela no ajuste dos juros, o Banco Central demonstrou uma maior preocupação com o quadro inflacionário corrente.

“Ainda que tenha mantido a leitura de que os atuais choques são temporários, houve uma mudança de tom, no qual subiu, ao afirmar que eles estão se revelando mais permanentes que o esperado”, avaliou.