Mercadante será o presidente do BNDES, diz Lula

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Foto: Ricardo Stuckert
Aloizio Mercadante

Brasília – O ex-ministro Aloizio Mercadante será o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O anúncio foi feito pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira, no encerramento dos trabalhos dos grupos técnicos do Gabinete da Transição Governamental.

“Vi algumas críticas sobre você, sobre boatos de que você vai ser presidente do BNDES. Eu quero dizer para vocês que não é mais boato: Aloizio Mercadante será presidente do BNDES”, afirmou.

“Estamos precisando de alguém que pense em desenvolvimento, de alguém que pense em reindustrializar este país, de alguém que pense em inovação tecnológica, de alguém que pense em financiamento ao pequeno, ao médio, ao grande empresário para que este país volte a gerar empregos”, completou.

Lula disse que o país está aberto a receber investimentos externos, mas alertou que, no seu governo, as privatizações serão suspensas. “Vão acabar as privatizações neste país. Já privatizaram quase tudo. Vamos provar que algumas empresas públicas vão mostrar a sua rentabilidade”, afirmou.

“Vamos dizer ao mundo inteiro: quem quiser vir para cá venha. Tem trabalho, tem coisas para fazer, tem projeto novo para investimento, mas não venham aqui para comprar nossas empresas públicas, porque elas não estão à venda”, completou.

O presidente eleito afirmou que, logo após sua posse, no próximo dia 1º de janeiro, vai começar a viajar pelo mundo para recuperar o prestígio do Brasil no exterior. “Quem quiser ganhar dinheiro, venha para este país investir o seu dinheiro, por que o Brasil tem espaço para todo mundo”, afirmou.

“Eu queria dizer ao glorioso mercado, ao tentar julgar o que estamos fazendo digam se em algum momento da vida do mercado brasileiro ganharam tanto dinheiro como quando eu presidi este país”, completou Lula, repetindo a pergunta para o agronegócio e aos empresários da indústria.

PRIMEIRAS MEDIDAS

Lula recebeu o relatório final do Gabinete da Transição Governamental, com diagnóstico da situação do Executivo federal que servirá de base para as primeiras medidas do futuro governo. Segundo o presidente eleito, o relatório revela “o estrago que foi feito no país” nos últimos quatro anos.

Além de Lula, participaram do evento o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, a coordenadora de articulação política, Gleisi Hoffmann, Mercadante e ministros já anunciados.

No seu discurso, Lula agradeceu o trabalho voluntário na transição: cerca de mil pessoas se envolveram na elaboração dos relatórios setoriais e final, sendo a maioria de maneira voluntária. Pela lei, o futuro governo poderia contratar 50 pessoas em cargos de confiança para atuar na transição, mas somente 22 vagas foram preenchidas.

Lula agradeceu também os votos recebidos no primeiro e no segundo turno, o apoio de 14 partidos e fez menção à senadora Simone Tebet (MDB-MS), que disputou a Presidência da República, mas se aliou à chapa petista no segundo turno. Nos bastidores é dada como certa a escolha de Tebet para o Ministério da Cidadania, que deve voltar a se chamar Ministério do Desenvolvimento Social.

O petista disse ter enfrentado uma eleição difícil e criticou o presidente Jair Bolsonaro. Além de lembrar que Bolsonaro não chorou pelos mortos da Covid, Lula atribuiu ao atual presidente responsabilidade por atos antidemocráticos no país.

“Esse cidadão, até agora, não reconheceu a sua derrota, esse cidadão continua incentivando os ativistas fascistas que estão nas ruas se movimentando. Ontem recebeu esse pessoal no Palácio da Alvorada. Ele tem que saber que aquilo é um patrimônio público, não é dele, não é da mulher dele, não é do partido dele, mas é do povo brasileiro”, afirmou.