Lucros por ação devem contrair 35% no segundo trimestre, na comparação anual, estima XP

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São Paulo – A temporada de resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23) no Brasil teve início na última quarta-feira, 19 de julho, com o balanço da Weg, e ganha tração na próxima semana com nove companhia divulgando seus números a partir de terça-feira. Os investidores ficam de olho para verificar se a recente melhora no cenário macroeconômico se reflete nos resultados das companhias. No entanto, as perspectivas para essa temporada de resultados são mistas, embora os mercados tenham começado a precificar um cenário mais positivo durante o segundo trimestre.

A avaliação é da XP, que com base nas empresas sob sua cobertura, espera uma contração agregada de aproximadamente 35% nos lucros por ação na comparação anual, -23% nos lucros operacionais e -3% na receita. “Neste trimestre, os seguintes setores são esperados como destaques: (i) Bens de Capital, (ii) Setor Financeiro, (iii) Açúcar & Etanol, (iv) Propriedades comerciais e (v) Varejo de alta renda”, escreve a XP, em relatório divulgado nesta sexta-feira.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, atualmente tem 83 empresas, que apresentarão seus números do segundo trimestre até a primeira quinzena de agosto. A carteira que está em vigor desde 2 de maio, válida até setembro, registrou a entrada da resseguradora IRB (IRBR3) e as saídas de Banco Pan (BPAN4), Qualicorp (QUAL3) e Ecorodovias (ECOR3). A Energias do Brasil (EDP Brasil) deixou a ter suas ações listadas no segmento do Novo Mercado da B3 em 11 de julho, após a realização de oferta pública de aquisição de ações (OPA), e deixará de fazer apresentação pública de resultados.

DIVIDENDOS DA PETROBRAS

Um dos destaques da temporada será o anúncio da nova política de dividendos da Petrobras. A expectativa do mercado é que a companhia reduza os pagamentos para aumentar os investimentos. Na quarta-feira (19/7), o diretor financeiro da Petrobras, Sergio Caetano Leite, afirmou que a companhia deve deliberar os dividendos do segundo trimestre de 2023 já com base em uma nova regra. Em café com jornalistas, Leite disse que o estudo sobre a nova política deve ser concluído até o fim do mês, e que os dividendos da companhia serão como de empresas congêneres, ou pares no setor.

Em análise sobre o assunto, a XP assume que a Petrobras anunciará uma distribuição de 40% do o fluxo de caixa das operações (FCO) menos capex (frente a 60% da política vigente), com base em práticas de pares internacionais e no fato de que, se a empresa desembolsar valores inferiores a isso, ela simplesmente acumulará muito caixa (a XP já assume níveis baixos de dívida bruta, de aproximadamente US$ 50 bilhões). “Mas resta saber como será a nova política de fato. Por exemplo, vemos boas chances de que a nova política acabe sendo mais flexível e discricionária do que a atual”, escreveram os analistas Andre Vidal e Helena Kelm, em relatório divulgado na quarta-feira.

A XP lembra que a política de dividendos da Petrobras atualmente em vigor prevê pagamentos trimestrais, com fórmula mínima conforme 60% do FCO menos os investimentos. Durante o período da última divulgação de resultados trimestrais, em meados de maio, a Petrobras anunciou a aprovação do pagamento de remuneração aos acionistas (em uma combinação de dividendos e juros sobre capital próprio) no valor de aproximadamente R$ 1,89 por ação, valor que implicou em um dividend yield de 7,4% para PETR4 no dia.

Porém, na mesma oportunidade, a empresa também comunicou aos acionistas que seu Conselho de Administração (CA) determinou que a Diretoria Executiva preparasse uma proposta para ajustar o planejamento estratégico em andamento e melhorar a Política de Remuneração aos acionistas da Petrobras.

A empresa também divulgou que a proposta pode incluir a possibilidade de recompra de ações, e que as questões estão previstas para serem submetidas para deliberação pelo CA antes do final de julho de 2023.

“Vemos a empresa ainda gerando níveis saudáveis de caixa, porém inferiores aos recordes de 2022. Isto devido a combinação de: (i) menor patamar de preço do petróleo; (ii) menor patamar do crack spread (diferença entre o preço dos derivados e do petróleo); (iii) menor entrada de caixa de desinvestimento de ativos, e; (iv) alguma aceleração do CAPEX (já previsto no plano estratégico anterior da empresa). Por consequência, também enxergamos um menor pagamento de dividendos para os períodos futuros frente aos recordes de 2022”, estimam os analistas da XP.