Lucro líquido da Gerdau recua 65,8% no quarto trimestre, a R$ 1,22 bilhão

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São Paulo, SP – A Gerdau divulgou hoje o balanço do quarto trimestre de 2022, com lucro líquido de R$ 1,22 bilhão, uma queda de 65,8% na comparação com o mesmo período de 2021.

O lucro líquido ajustado foi de R$ 1,3 bilhão, com redução de 55,9% em relação ao último trimestre de 2021. Em 2022, o lucro líquido ajustado fechou em R$ 11,6 bilhões, recuo de 16,5% em relação a 2021, reflexo da maior pressão de custos e, principalmente, pela forte base de comparação do ano 2021, quando a companhia registrou o maior lucro líquido ajustado de sua história.

O Ebitda Ajustado foi de R$ 3,6 bilhões, queda de 32,4% em relação ao trimestre anterior, com uma Margem Ebitda de 20,2% no período (-5,2 % quando comparado ao terceiro trimestre de 2022). Já no acumulado do ano, o Ebitda Ajustado foi de R$ 21,5 bilhões, 7,4% menor que no ano anterior, representando o segundo maior Ebitda anual reportado pela companhia em sua história.

Em seu balanço, a Gerdau afirmou que os resultados dos períodos analisados ratificam a assertividade de seu modelo de negócios, à resiliência dos mercados atendidos e o foco das operações nas Américas.

O resultado financeiro foi de R$ 498 milhões negativos, 6% e 19% inferior na comparação com o terceiro trimestre de 2022 e quarto trimestre de 2021, respectivamente. O resultado é explicado pela redução do endividamento bruto e pela maior receita financeira, destacando também a redução de 13,8% nas Despesas Financeiras na comparação com o quarto trimestre de 2021.

A receita líquida totalizou R$ 18 bilhões, inferior em 15% em relação ao terceiro trimestre de 2022 e 16,7% quando comparada ao mesmo período de 2021. Tais variações refletem o menor volume comercializado entre os períodos.

Em 2022, a receita líquida alcançou R$ 82,4 bilhões, 5,2% superior em relação ao ano anterior, motivada por uma demanda resiliente nos principais mercados de atuação da companhia.

No ano de 2022, o custo das vendas ficou 10,7% maior em relação a 2021, resultado do aumento do custo de energéticos e redutores, entre os quais o carvão (+50%), coque (+47%) e gás natural (+26%), além do aumento de 24% no custo de ligas metálicas, especialmente nas operações da América do Norte e Aços Especiais.

Assim, o lucro bruto no último trimestre de 2022 foi de R$ 2,9 bilhões, inferior em 38,2% e de 43,5% quando comparados ao terceiro trimestre de 2022 e quarto trimestre de 2021, respectivamente. Em relação ao ano de 2022 o lucro bruto foi de R$ 18,8 bilhões, 9,9% inferior a 2021, impactado, também, pela queda dos volumes de vendas.

No quarto trimestre de 2022, a produção de aço bruto foi de 2,9 milhões de toneladas, 3,3% inferior em relação ao terceiro trimestre de 2022 e 12,6% abaixo do mesmo período no ano anterior. O nível de utilização da capacidade de produção em 68% reflete a sazonalidade esperada para o trimestre, principalmente no mercado interno da ON Brasil e ON América do Norte, além das paradas programadas de manutenção em algumas unidades da companhia, típicas desta época do ano.

Em relação ao ano 2022, a produção de aço bruto foi de 12,7 milhões de toneladas, 4,7% inferior em relação a 2021. Não obstante os arrefecimentos apresentados nas ONs Brasil e América do Norte, as ONs Aços Especiais e América do Sul mostraram crescimentos na produção de aço bruto quando comparadas ao ano 2021.

As vendas no quarto trimestre de 2022 foram de 2,7 milhões de toneladas, queda de8,8% em relação ao terceiro trimestre de 2022, e recuo de 15,6% na comparação com o mesmo
período de 2021.

Segundo a companhia, apesar do quarto trimestre refletir um período com volumes de vendas historicamente inferiores aos demais trimestres do ano, cabe observar que as eleições no Brasil, somadas à Copa do Mundo, amplificaram a habitual sazonalidade do período na ON Brasil.

Em 2022 foram vendidas 11,9 milhões de toneladas de aço, redução de 6,4% quando comparado ao ano anterior. Contudo observamos a resiliência das vendas nos setores atendidos pela Companhia, principalmente na construção e indústria, com gradual retomada do setor automotivo – favorecido pela normalização do fornecimento dos chips e semicondutores, setor bastante afetado durante a pandemia da Covid-19.

A companhia mantém o perfil alongado de sua dívida com 75% vencendo no longo prazo. A dívida bruta em 31 de dezembro de 2022 era de R$ 12,6 bilhões, patamar similar ao trimestre anterior e 10% inferior ao registrado no mesmo período de 2021.

Referente à posição de caixa, a companhia encerrou o trimestre com R$ 5,4 bilhões disponíveis, resultando em uma dívida líquida de R$ 7,2 bilhões no período e com indicador Dívida Líquida/Ebitda em 0,33x, similar ao quarto trimestre de 2021. Contribuiu para o aumento do endividamento líquido o pagamento dos expressivos dividendos declarados no terceiro trimestre de 2022, que totalizaram R$ 3,6 bilhões.

Os investimentos em capex somaram R$ 1,68 bilhão, sendo R$ 837 milhões destinados à manutenção e R$ 847 milhões em expansão e atualização tecnológica. Do total de desembolsos, R$ 156 milhões foram investimentos na implantação de tecnologias voltadas à melhoria do controle e desempenho ambiental nas instalações existentes.

Em teleconferência na manhã de hoje, o presidente da companhia, Gustavo Werneck, destacou os resultados das operações na América do Norte em 2022, com recordes de receita líquida e Ebitda e aumento da produção.

“A aprovação de pacotes governamentais importantes, como o IRA e CHIPS, bem como o processo de reshoring, reforçam nossa visão positiva para os próximos anos para a região. Na ON Aços Especiais, observamos uma gradual retomada na venda de veículos leves, favorecida pela melhor oferta de semicondutores no mercado internacional, além da maior atuação do segmento de óleo e gás nos Estados Unidos”, destacou Werneck.

Para o Brasil, o executivo não acredita em uma mudança do cenário para 2023, diante dos juros ainda muito elevados e do nível de endividamento das famílias. “O segmento do varejo ainda será impactado pela diminuição da concessão de crédito, o nível de endividamento das famílias e as altas taxas de juros. A expansão do Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional do Governo Federal voltado para as classes mais baixas, deve fazer com que este segmento cresça. Já no segmento da construção civil de imóveis voltados para as classes mais alta deve permanecer resiliente”, ponderou o executivo.

Werneck destacou ainda que o preço do carvão metalúrgico tem oscilado muito e isso deve influenciar a carteira de custo no Brasil ao longo deste ano. “É preciso que a rentabilidade seja proporcional aos custos”, salientou.

Com relação aos investimentos em capex, a empresa investiu no ano passado R$ 4,3 bilhões em projetos voltados às frentes de manutenção, expansão e atualização tecnológica. Para o ano de 2023, o investimento deve chegar a R$ 5 bilhões nas mesmas frentes. Os investimentos concentram-se, principalmente, na região de Minas Gerais, na usina de Ouro Branco, que tem capacidade instalada de 4,5 milhões de toneladas de aço líquido por ano.

DIVIDENDOS

A companhia aprovou a distribuição de R$ 332,7 milhões na forma de dividendos. O montante corresponde ao valor de R$ 0,20 por ação. Os valores serão pagos no dia 23 de março. Poderá receber a remuneração o investidor com posição acionária de 14 de março de 2022. A Metalúrgica Gerdau também distribuirá dividendos no valor de R$ 103 milhões. O montante corresponde ao valor de R$ 0,10 por ação.

AUMENTO DE CAPITAL

A companhia também anunciou aumento de capital de R$ 966,1 milhões, elevando de R$ 19,3 bilhões para R$ 20,2 bilhões. O aumento de capital será mediante a conversão de debêntures em ações ou outros títulos de dívida em ações, exercício de direito de subscrição ou de bônus de subscrição, capitalização de lucros ou reservas ou subscrição de
novas ações.

A empresa vai emitir 83.669.860 novas ações, sendo 28,5 milhões de ordinárias e 55 preferenciais. Os acionistas receberão 5% em ações da mesma espécie, que serão atribuídas a título de bonificação. A proporção da bonificação será de 1 ação nova para
cada 20 ações detidas na posição acionária final do dia 21 de março.

METALÚRGICA GERDAU

A Metalúrgica Gerdau alcançou lucro líquido ajustado de R$ 1,32 bilhão, uma queda de 62% em relação ao quarto trimestre de 2021, quando registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,48 bilhões. No ano, o lucro líquido ajustado foi de R$ 11,5 bilhões, recuo de 16,5% em relação ao ano anterior, quando alcançou a cifra de R$ 13,8 bilhões.

Segundo a companhia, o quarto trimestre foi marcado por um menor volume de vendas. Além da sazonalidade típica deste período do ano, outros fatores, como as eleições no Brasil e a Copa do Mundo, prejudicaram a atividade econômica em alguns de seus mercados. O Ebitda fechou em R$ 3,6 bilhões, 39% inferior ao mesmo período de 2021.

A receita líquida foi de R$ 17,9 bilhões, queda de 16,7% menor do que o mesmo período de 2021. No ano de 2022, somou R$ 82,4 bilhões em receita líquida, um aumento de 5,2% em relação a 2021.