Lucro líquido da Eneva recua 34,4% no 3° trimestre

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São Paulo, SP – A Eneva divulgou ontem (10) o balanço do terceiro trimestre de 2022. O lucro líquido foi de R$ 237 milhões, 34,4% inferior ao registrado no terceiro trimestre de 2021. Já o EBITDA ajustado, de R$ 598 milhões, representou um avanço de 4%, em comparação com o mesmo período de 2021.

O desempenho da companhia reflete, principalmente, a continuidade das exportações de energia para a Argentina; a conclusão da compra, em condição vantajosa, da Termofortaleza (CE); e a geração de caixa da térmica Jaguatirica II (RR).

“O resultado do terceiro trimestre é fruto de uma estratégia de crescimento, na qual a integração da Termofortaleza e seu time – a segunda da companhia em menos de 12 meses – já está demonstrando vantagens claras. Temos tomado decisões estratégicas acertadas para geração de caixa e isso se evidencia cada vez mais nos números”, afirma o diretor-presidente da Eneva, Pedro Zinner.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 114 milhões, comparado ao resultado positivo de R$ 57 milhões no mesmo período do ano anterior. Essa variação resulta, principalmente, de maiores despesas com juros sobre debêntures, decorrente do aumento do CDI médio no período de análise e da representatividade das de debêntures no endividamento total e impacto de R$ 89,2 milhões referente ao valor justo das debêntures.

O fluxo de caixa operacional (FCO) da Companhia totalizou R$ 540,3 milhões, alavancado pelo resultado operacional do trimestre e do efeito positivo na variação de capital de
giro.

O fluxo de caixa de atividades de financiamento (FCF) totalizou entrada de caixa de R$ 3,9 bilhões, impulsionado, principalmente, pelas captações no montante total de R$ 4,2 bilhões, sendo R$ 2 bilhões referentes à 8 Emissão de Debêntures da Eneva S.A., R$ 1,9 bilhão referentes à 9 Emissão de Debêntures da Eneva S.A. e desembolso de R$ 262 milhões no âmbito do contrato de financiamento celebrado pela SPE Futura 4 Geração e Comercialização de Energia Solar S.A. junto ao Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB), destinado à implantação do projeto solar Futura.

A dívida líquida da Eneva ficou estável na comparação anual, em R$ 5,7 bilhões. A relação entre dívida líquida e Ebitda dos últimos 12 meses recuou de 2,9x para 2,4x. A receita operacional líquida foi de R$ 1,704 bilhão, alta de 11,5% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

A carga média de energia elétrica do Sistema Integrado Nacional (SIN) totalizou 67,4GWm, redução de 0,8% quando comparado aos 67,9GWm registrados no terceiro trimestre de 2021 e de 1,3% versus os 68,2GWm do segundo trimestre de 2022, em linha com a sazonalidade esperada para o período e refletindo as temperaturas mais amenas observadas nas regiões Sul e Sudeste e chuvas acima da média na região Sul a partir de agosto de 2022.

O principal marco do terceiro trimestre deste ano foi a conclusão do processo de compra da Termofortaleza, em 23 de agosto. A térmica possui capacidade de geração de eletricidade a partir do gás natural de 327 megawatts (MW) e contrato de comercialização de energia com a distribuidora do Ceará até dezembro de 2023. Sozinha, a Termofortaleza respondeu pelo EBITDA de R$ 67,2 milhões até 30 de setembro.

A continuidade das exportações de energia para a Argentina em todo terceiro trimestre compensou, em parte, a falta de demanda por energia térmica no período no Brasil. As usinas Parnaíba III e Parnaíba IV, no Maranhão, geraram, respectivamente, 263 gigawatts-hora (GWh) e 75 GWh para atender contratos bilaterais de fornecimento ao país vizinho.

Já a operação comercial efetiva da térmica Jaguatirica II, em Roraima, com capacidade instalada de 141 MW, contribuiu com a geração de caixa de R$ 16 milhões no período de
julho a setembro. Esse foi o primeiro trimestre completo no qual o funcionamento das três turbinas da usina gerou receita fixa.

Na área financeira, foram destaques no trimestre a contratação de financiamento de longo prazo com o BNB, no valor de R$ 300 milhões, a conclusão da 8 emissão de debêntures, no valor de R$ 1,9 bilhão, e a realização da 9 emissão, de R$ 2 bilhões. Ao fim de setembro, a
Eneva contabilizava alavancagem de 2,4 vezes, o que indica o quanto da geração de caixa da companhia está comprometida com o pagamento de dívidas.

“A Eneva mantém um caixa saudável que sustenta investimentos diligentes. Esse resultado reforça a trajetória robusta da companhia, inclusive trazendo projetos inovadores”, afirmou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Eneva, Marcelo Habibe.

Investimento

No terceiro trimestre deste ano, a empresa investiu R$ 487 milhões, sendo 48% do valor em projetos em construção Complexo Solar Futura (CE) e usinas térmicas Parnaíba IV e V e 31% na área de exploração e produção de gás natural, sobretudo nas campanhas exploratórias nas bacias do Parnaíba e Amazonas.

Também foram destaques os investimentos realizados no Sistema Integrado Azulão-Jaguatirica II; no desenvolvimento da planta de liquefação para a comercialização de GNL
(gás natural liquefeito) para atender contratos firmados com a Vale e a Suzano, no Maranhão; no desenvolvimento do Terminal Portuário de Macaé (RJ) e em outros projetos de infraestrutura.

Em setembro, a companhia ainda venceu o 2º Leilão de Reserva de Capacidade, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que irá demandar investimentos futuros. Foram contratadas no certame as usinas térmicas Azulão II e IV, com capacidade instalada
total de 590 MW e receita fixa esperada de R$ 1,9 bilhão por ano.

CERTIFICAÇÃO DE RESERVAS

A Eneva encerrou o trimestre com reservas totais 2P (provadas e prováveis) de gás natural de 43,6 bilhões de metros cúbicos (bcm, em inglês), sendo 28,9 bcm na Bacia do Parnaíba
e 14,8 bcm na Bacia do Amazonas. Esses volumes foram certificados e divulgados nos relatórios de certificação de reservas e de recursos contingentes referentes a 31 de dezembro de 2021 (Parnaíba) e 30 de abril de 2022 (Amazonas), elaborados pela Gaffney, Cline & Associates (GCA), excluído o consumo de gás ao longo do primeiro trimestre.

Adicionalmente, segundo o relatório da GCA, ao fim do primeiro trimestre, a companhia somava recursos contingentes totais de 20,9 bilhões de m de gás na área de Juruá, na
Bacia do Solimões; 4 milhões de barris de condensados e 7 milhões de barris de óleo na área do Plano de Avaliação de Descobertas (PAD) Anebá, na Bacia do Amazonas; e 2,1 bilhões de m de gás e 0,9 milhão de barris de óleo, na Bacia do Parnaíba, nas áreas do PAD Fazenda Tianguar e do PAD São Domingos.

BACIA DO PARNAÍBA

A empresa apresentou à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Declaração de Comercialidade da descoberta de São Domingos, no Bloco PN-T-102A, na Bacia do Parnaíba. Foi solicitado à ANP que a acumulação de São Domingos receba a denominação de Campo Gavião Mateiro.

Esse é o décimo primeiro campo na Bacia do Parnaíba a ser declarado comercial pela Eneva. Foram adquiridos 288 Km de linhas sísmicas 2D e perfurados cinco poços dentro do plano de avaliação da descoberta. A estimativa de gas-in-place (VGIP) é de 5,62 bilhões de metros cúbicos (bcm). A partir da Declaração de Comercialidade, a Companhia tem até 180 dias para apresentar à ANP o Plano de Desenvolvimento do campo.