Lojistas do site da Americanas estão disparando seus preços para evitar ficar com recebíveis presos

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São Paulo – Depois que ontem, a Justiça acatou o pedido de recuperação judicial (RJ) da Americanas (AMER3), que agora ficará com todas as suas dívidas e obrigações congeladas por, inicialmente, 180 dias, os lojistas que vendem no marketplace da Americanas os quais são responsáveis por cerca de 65 por cento das vendas brutas totais começaram a colocar preços absurdamente altos nos seus produtos no site da companhia, para tornar os preços desinteressantes para o consumidor, visando evitar um volume de vendas maior a fim de não ficar com recebíveis presos.

“A situação da Americanas se escalou a níveis críticos, com a pressão dos credores e uma posição de caixa suficiente para menos de cinco meses de despesas com pessoal, levando a varejista a antecipar o pedido de RJ, declarando uma dívida de 43 bilhões de reais”, dizem os analistas da Levante Investimentos.

Antes de anunciar a RJ, a Americanas afirmava que continuaria realizando os repasses das vendas para os lojistas, porém, considerando a proporção da descredibilização da companhia agora, os lojistas estão tentando impedir que seus produtos sejam vendidos, aumentando os preços.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A recuperação judicial é um instrumento que impede a falência da empresa, permitindo que esta reestruture seu fluxo de pagamentos.

“A Recuperação Judicial (RJ) simplifica as possibilidades para um só caminho – que é via o processo de RJ – de conseguirem readequar o tamanho da empresa para uma realidade mais enxuta de modo a voltar a ser viável economicamente”, explicou o estrategista chefe e sócio da BRA, Rodrigo Correa.

“Em um processo de RJ, todos saem perdendo, mas em teoria, o resultado é melhor do que a falência da empresa. Por todos, eu específico — acionistas atuais, detentores de dívida e muitos dos funcionários e fornecedores. Talvez quem menos se prejudique são os clientes finais, que poderão continuar a serem servidos pela empresa, no cenário de saída da RJ”, diz Correa.

Na RJ, se apresenta aos credores um plano de recuperação que visa, em última análise, recriar uma empresa que tenha um balanço minimamente adequado e então, parte-se para a execução desse plano. Essa execução pode chegar a levar anos para acontecer e quando terminada, a empresa sai, renovada e repaginada, da RJ, ‘não devendo mais nada para ninguém’ (no sentido de que todas suas obrigações estão em dia e não de que não tem obrigações).

“Como ninguém gosta de perder nada, a RJ é um processo que a lei protege a empresa por um tempo para que essa negociação forçada aconteça e se chegue a um resultado final menos pior para o conjunto da sociedade”

O investidor tem que saber que o valor das ações AMER3 tenderão a zero e o valor das dívidas (ie debêntures, bonds e outras) cairão (cuja magnitude ainda é bastante incerta). Como o processo é longo, penoso e ainda não se tem muita visibilidade, pode fazer sentido vender esses ativos.”