JBS espera maior pressão sobre as margens por guerra na Ucrânia

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Foto: Divulgação/JBS

São Paulo – A JBS espera que a guerra na Ucrânia trará impactos para a cadeia de fornecimento e para os custos de produção da companhia globalmente.
No Brasil, a JBS tem perspectiva positiva para o mercado de grãos, com melhor condição climática em relação a 2021, mas com pressão por conta do conflito na Ucrânia no primeiro semestre, o que deve impactar as margens da Seara, com maior inflação de custo e impacto nas exportações do primeiro trimestre. “Estamos trabalhando na melhoria de mix, repasse de custo no preço neste começo de ano e com cenário mais desafiador para esse repasse no Brasil”, disse Wesley Batista Filho, CEO da JBS na América Latina, Oceania e plant-based, na apresentação pública de resultados do quarto trimestre e 2021 ao mercado.
“Resumindo, vemos um impacto maior neste trimestre por conta do conflito na Ucrânia para o custo de grãos”, concluiu.
A companhia afirma que apesar da situação pontual do mercado global e da maior pressão de custos no Brasil, tem ampliado mercado com a marca Seara e espera ter bons resultados com a venda de alimentos preparados no Brasil.
No mercado externo, a companhia afirma estar conseguindo repassar os custos com mais facilidade.
No entanto, o CEO da JBS USA disse que avalia a volatilidade dos preços e o comportamento do consumidor norte-americano com a alta da gasolina e a perda de incentivos do governo, mas acredita que a demanda por proteína permanecerá forte. O executivo disse que o custo de produção da companhia na região no quarto trimestre de 2021 foi 30% e 45% acima do registrado antes da pandemia de Covid.
“A produção porco cairá em relação a 2021, mas de frango deve subir. Em gado, também espera redução da oferta no ano. O primeiro trimestre está com demanda forte nas três proteínas, mas a companhia não espera repetir as margens de 2021, que devem ficar em patamares superiores ao histórico da companhia”, disse André Nogueira, CEO da JBS USA.
A demanda internacional e a produção vão definir os preços e devem acelerar a demanda de frangos em 2022, disse o executivo.
A companhia disse estar otimista com o aumento da produtividade esperado para 2023, quando deve ter animais de melhor qualidade para o abate.
“Em 2050, teremos 10 bilhões de pessoas e o consumo de proteína deve crescer 70%, especialmente com a demanda da África e da Ásia. A tendência é aumentar o consumo global de carne bovina”, avalia o presidente da JBS.
Em relação à abertura de capital da JBS nos Estados Unidos, Tomazoni disse que o objetivo da listagem “é destravar valor para os acionistas, mas que, para isso, é preciso fazer isso no momento certo e nós faremos isso”, comentou.
A JBS disse que seguirá avaliando novas oportunidades de fusões e aquisições e que isso faz parte de sua estratégia de crescimento e que também está ativa em investimentos greenfield, tendo aportado R$ 5,4 bilhões em 2021, disse o presidente da JBS, Gilberto Tomazoni, na apresentação de resultados do quarto trimestre e 2021 ao mercado.
Em relação ao pagamento de dividendos, o diretor financeiro da companhia disse que espera ter lucro líquido positivo e significativo em 2022 e pagar um bom nÍvel de dividendos aos acionistas com o excedente. Em 2021, a companhia retornou R$ 18 bilhões aos acionistas por meio de recompra de R$ 10,6 bilhões em ações e distribuição de R$ 7,4 bilhões em dividendos.
IMPACTO DAS AQUISIÇÕES DE 2021 EM 2022
A JBS divulgou os potenciais impactos positivos das aquisições realizadas em 2021 no resultado de 2022, de US$ 1,9 bilhão na receita líquida consolidada anual e de US$ 250 milhões em ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) incluindo sinergias potenciais. A companhia investiu R$ 11,2 bilhões em sete aquisições no exterior em 2021, das empresas Vivera, Kerry, Rivalea, Huon, Grupo King’s, Sunny Valley e Biotech Foods.
“Todos os investimentos tem superado as expectativas de crescimento e a JBS tem capacidade de integrar os negócios rapidamente”, comentou o presidente da JSB, Gilberto Tomazoni.
A empresa afirma que a compra da Vivera colocou a JBS em posição de liderança no mercado de plant-based na Europa.