Itaú Unibanco vê cenário positivo e prevê avanço de carteira de crédito

O banco reviu para cima a previsão de crescimento de carteiras, no entanto, pondera que há pontos de atenção como a inflação

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Milton Maluhy Filho, presidente Itaú Unibanco
Milton Maluhy Filho, presidente Itaú Unibanco (foto: Divulgação)

São Paulo – O Itaú Unibanco está mais otimista com o crescimento de suas carteiras de crédito em meio ao que acredita ser um cenário macroeconômico mais positivo, conforme a vacinação contra a covid-19 avança. No entanto, pondera que há pontos de atenção como a possibilidade de impacto da variante delta, a inflação mais elevada e o aumento da Selic este ano, que deve impactar a atividade econômica no ano que vem.

“O cenário é positivo, mas há pontos de atenção, como a inflação e, na medida em que se aumenta juros vindo de níveis tão baixos, vai ter efeito na atividade, embora ainda seja um nível confortável para o Brasil. Ainda estamos vendo um crescimento do PIB de 2% no ano que vem”, afirmou o diretor-presidente do banco, Milton Maluhy Filho, em coletiva de imprensa dos resultados do segundo trimestre. A previsão do banco é que a Selic chegue a 7,5% até o fim deste ano.

Maluhy ainda destacou que acredita que a melhor política econômica é a vacinação e, embora tenha afirmado que ela teve um avanço importante, ainda é preciso lidar com algumas variantes, como a delta. “Ainda temos um percentual não vacinado e todo cuidado é pouco”, disse. A variante delta tem se mostrado mais transmissível e tem impactado outros países como os Estados Unidos.

CARTEIRAS DE CRÉDITO E MARGENS

O presidente do Itaú ainda comentou a revisão para cima das projeções de crescimento das carteiras de crédito total do banco este ano, que passaram para alta de 8,5% a 11,5%, ante previsão anterior de 5,5% a 9,5%. No Brasil, as projeções para o crescimento de carteira de crédito também foram elevadas (para 12,5% a 15,5%, de 8,5% a 12,5%),

O executivo destacou que quando o guidance foi feito no início do ano havia maior preocupação com a pandemia, que acabou sendo mais intensa no começo do ano que o esperado, trazendo grande preocupação com o cenário e levando a previsões mais conservadoras.

Porém, afirma que os indicadores de atividade doméstica mostraram resiliência e que as carteiras de crédito performaram bem, o que encorajou o banco a elevar as metas.

“A gente cresceu muito nas carteiras garantidas, houve demanda para compra de imóveis e veículos, e consignado também. Pequenas e médias empresas estão crescendo e pessoas físicas também, mas a comparação é com um trimestre que teve uma parada brusca, tem a questão da base de comparação”, explicou.

Outro ponto positivo deste trimestre, segundo Maluhy, foi o crescimento da margem financeira com clientes, o que afirma que é explicado pelo volume e crescimento de carteiras, além de um melhor mix.

“Tivemos quedas da margem por quatro trimestres consecutivos, depois tivemos uma estabilização e, agora, crescimento, que tem a ver com aumento de carteira e melhores mixes”, afirmou.

O banco também revisou o guidance de margem financeira com o mercado (para R$ 6,5 a R$ 8,5 bilhões, de R$ 4,9 a R$ 6,4 bilhões) e da margem financeira com o mercado brasileiro (para R$ 3,9 a R$ 5,4 bilhões, de R$ 3,3 a R$ 4,8 bilhões). Ainda foram reduzidas as projeções para o custo de crédito consolidado e custo de crédito no Brasil em 2021.

Em relação à inadimplência, o presidente do banco afirmou que a tendência é que ocorra um leve aumento mais para frente, em um ambiente com juros mais altos e com possível fim do auxílio emergencial do governo. Porém, afirma que ela deve seguir abaixo do seu nível histórico e prevê que não deve afetar os desempenhos das carteiras.

RETORNO DE FUNCIONÁRIOS

O banco afirmou ainda que pretende começar a fazer este mês um projeto piloto de retorno de funcionários aos escritórios, em um modelo híbrido de trabalho, que combina trabalho presencial e remoto.

“A partir de agosto vamos fazer experimentos, testes, mas o modelo é híbrido, 1 a 2 mil colaboradores devem participar de um piloto de forma voluntária. Não definimos se vamos exigir vacina ou não, ainda não existe para público mais jovem e acreditamos mais nos protocolos de segurança. É uma etapa de aprendizado, não acredito em modelo único para todo o banco, vai ser área a área”, explicou.