Grande parte dos membros do BCE achou apropriado elevar taxas em 0,50 pp, diz ata

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Eurotower, sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt / Foto: BCE

São Paulo – Os membros do Banco Central Europeu (BCE) demonstraram preocupação com o fato de a alta inflação estar se consolidando, mostrou a ata da reunião dos dias 20 e 21 de julho, divulgada nesta quinta-feira. Assim, um “número muito grande” de dirigentes considerou apropriado elevar seus juros básicos em 0,50 ponto percentual (pp).

Na ocasião, o movimento surpreendeu o mercado depois que o banco orientou para um movimento menor, de 0,25 pp. Entretanto, a ata mostrou que os formuladores de políticas sentiram que as pressões sobre os preços agora eram grandes o suficiente para que o BCE tivesse que demonstrar sua determinação em agir.

“Foi considerado que as pressões inflacionárias se intensificaram”, mostrou a ata. “A ancoragem contínua das expectativas de inflação dependia de o Conselho do BCE agir de forma decisiva em relação à piora das perspectivas de inflação.”

Na ata, o BCE avalia que o ajuste de meio ponto porcentual “forneceu mais clareza aos participantes de mercado num ambiente altamente incerto”. Segundo o documento, a decisão deve ser interpretada como uma “aceleração da saída das taxas negativas”.

Ainda na ata, o banco central ponderou que normalização adicional dos juros “seria apropriada” nas próximas reuniões e reiterou que a trajetória das taxas continua dependente de dados futuros.

A instituição disse que não mudará sua avaliação em relação à taxa final de juros no atual ciclo de aperto monetário, “que só poderá ser determinada com mais precisão quando as taxas de juros se aproximarem mais” deste ponto.

Segundo o documento, os formuladores de políticas estavam cientes de que o risco de uma recessão na zona do euro estava aumentando, mas achavam que os governos poderiam fornecer um apoio melhor.

“A política monetária não foi capaz de fornecer suporte efetivo quando a economia foi atingida por uma série de choques de oferta”, disse o BCE.

O banco central deve aumentar os custos dos empréstimos em mais 0,50 pp no próximo mês, mesmo com o risco crescente de uma recessão, uma vez que a inflação está se aproximando do território de dois dígitos e a iminente escassez de gás pode elevar ainda mais os preços.