Governos devem retirar apoio à energia para não alimentar inflação, diz BCE

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O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos / Foto: BCE

São Paulo – O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou nesta quinta-feira que os governos da zona do euro devem retirar as medidas de apoio relacionadas à crise do setor de energia se não quiserem alimentar ainda mais a inflação.

“À medida que a crise de energia diminuir, os governos devem reverter as medidas de apoio de imediato e de maneira coordenada para evitar que as pressões inflacionárias de médio prazo aumentem, o que exigiria uma resposta de política monetária mais forte”, disse ele, destacando que o comportamento da política fiscal é um “importante fator” para a perspectiva da inflação.

Em um discurso preparado para a apresentação do relatório anual do BCE, Luis de Guindos observou que os riscos de alta para a inflação são provenientes, entre outras coisas, do crescimento dos salários e dos lucros acima do esperado.

Por outro lado, os riscos descendentes para os preços estão relacionados com “possíveis tensões renovadas nos mercados financeiros e uma procura mais fraca, devido, por exemplo, a um abrandamento mais acentuado dos empréstimos bancários ou a uma transmissão mais forte da política monetária”.

O vice-presidente do BCE reforçou que as futuras decisões do banco central garantirão que as taxas de juros sejam levadas a níveis suficientemente restritivos para que a inflação retorne à meta de 2%. Segundo de Guindos, as taxas deverão ficar nesse nível “pelo tempo que for necessário”.

“Continuaremos a seguir uma abordagem dependente de dados para determinar o nível apropriado e a duração da restrição, levando em consideração o ambiente altamente incerto. Para tanto, nossas decisões de política serão baseadas na avaliação das perspectivas para a inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão de nossa política monetária”, disse o dirigente.