Fed terá de subir as taxas mais duas vezes neste ano, diz Bullard

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O presidente da unidade do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Saint Louis, James Bullard / Foto: Fed Saint Louis

São Paulo – James Bullard, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de St. Louis, afirmou nesta segunda-feira (22) que a instituição provavelmente terá que elevar as taxas de juros mais duas vezes este ano como forma de combater a inflação.

Bullard destacou que as projeções de queda rápida da inflação “até agora não se concretizaram” e que o núcleo dos preços tem permanecido relativamente estável nos últimos meses. Além disso, ele ressaltou que as expectativas de inflação estão aumentando no mercado, o que justifica a necessidade de uma política monetária mais restritiva.

“Eu acredito que teremos que aumentar a taxa básica de juros para pressionar a inflação a cair o suficiente e alcançar a meta dentro do prazo estabelecido”, afirmou Bullard durante o Fórum Financeiro da American Gas Association. “Estou pensando em mais duas mudanças este ano – exatamente onde seriam este ano, não sei – mas sempre defendi o mais cedo ou mais tarde”, completou.

Ele também expressou sua visão de um “crescimento relativamente fraco” nos Estados Unidos neste ano e no próximo, considerando as projeções de recessão como “exageradas”. O presidente do Fed de St. Louis avaliou o mercado de trabalho como “forte”, embora com sinais de desaceleração, e afirmou que “a economia em geral está em ótimo estado”.

Bullard expressou preocupação com a possibilidade de a inflação elevada persistir por muito tempo, o que exigiria medidas mais rígidas de política monetária no futuro.

Quando questionado sobre a posição dominante do dólar no cenário internacional, ele mencionou o euro e o iuane como possíveis alternativas, mas afirmou que não vê a posição do dólar ameaçada e que não espera mudanças nesse quadro em um futuro próximo.

Em relação ao impasse para elevar o teto da dívida dos Estados Unidos, ele enfatizou que um projeto de lei precisa ser aprovado. Bullard alertou que “um calote ou mesmo a ameaça disso é contraproducente”, o que poderia resultar, por exemplo, em juros mais altos sobre a dívida no futuro.

Quanto ao cenário geopolítico global, Bullard destacou o “desacoplamento” das economias dos Estados Unidos e da China como um tema importante no momento. Ele também avaliou que a Rússia decidiu não fazer parte do projeto europeu ao invadir a Ucrânia.

Ao ser questionado sobre o setor bancário norte-americano, Bullard declarou que, “até o momento, está tudo bem”. No entanto, ele ressaltou a importância de os reguladores continuarem monitorando de perto a situação. Segundo ele, a falência recente do Silicon Valley Bank (SVB) é “bastante incomum” em relação ao resto do setor.