Emergentes reagem a qualquer movimento brusco em juros dos EUA, diz Campos Neto

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Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, participa de Café da manhã com Parlamentares da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. (Foto: Raphael Ribeiro/ BCB)

São Paulo – Qualquer movimento brusco nas taxas de juros dos Estados Unidos afeta os países emergentes, entre eles o Brasil, mas o grau de prejuízo trazido por este tipo de movimento depende de como o mercado interpreta a decisão das autoridades norte-americanas, disse o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, num evento promovido pela Folha Vitória.

“Se os Estados Unidos estão subindo os juros porque o crescimento está muito forte e precisa subir os juros para um novo equilíbrio macroeconômico, o impacto é um. Se tem preocupação de que está ‘behind the curve’, atrasado na política monetária, e vai ter que fazer trabalho de subir mais os juros porque ficou atrasado, esse processo vai gerar disfunção maior nos países emergentes”, afirmou

Campos Neto disse que até agora o mercado parece estar mais inclinado à primeira interpretação. “Quando a gente olha a inflação projetada americana nos cinco anos, já subiu bastante, de quase abaixo de 1% par 2,3%. Quando a gente olha a curva de juros de 10 anos, no longo prazo, subiu e voltou a cair, espelhando credibilidade do banco central americano e capacidade de produzir crescimento lá na frente.”

“Hoje está na história mais benigna. Tem inflação, mas tem credibilidade e a interpretação dos agentes econômicos que se de fato isso for um problema o banco central vai agir e vai agir a tempo”, disse Campos Neto.