Embora a inflação esteja caindo, ainda não avançamos tanto quanto pensávamos, diz Waller, do Fed

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Christopher Waller, governador do Fed | Foto: Federal Reserve

O governador do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Christopher Waller, em um evento ontem (2) no Mid-Size Bank Coalition of America, em Los Angeles, falou que as ações do banco para conter a inflação estão surtindo efeito, mas ainda não o suficiente para que a inflação caia de forma mais consistente.

“Embora a inflação esteja caindo desde meados do ano passado, os dados recentes indicam que não avançamos tanto quanto pensávamos”, afirma.

Ele falou da grande quantidade de dados que os membros do Fed vêm recebendo sobre a economia norte-americana, como o payroll de janeiro, que mostrou um aumento acima do esperado na criação de novas vagas de trabalho; a inflação, a renda e gastos pessoais e as vendas no varejo.

Todos eles mostram uma economia resiliente, com inflação ainda em patamares elevados, aumento nas vendas do varejo e o aumento na renda e gastos pessoais.

“O progresso contínuo da inflação depende da redução da demanda e da moderação da atividade econômica, e os dados de vendas e gastos no varejo sugerem que o progresso na redução da demanda agregada pode ter estagnado”.

Waller citou que, mesmo com a redução nos estímulos fiscais à economia, ainda há demanda reprimida. “A inflação está elevada há quase dois anos devido ao excesso de demanda agregada em relação à oferta. Embora os estímulos fiscais e as restrições de oferta de bens que contribuíram para esse desequilíbrio tenham se dissipado e o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) tenha aumentado rapidamente a faixa-alvo para a taxa de fundos federais, o mercado de trabalho continua muito apertado e a demanda agregada tem se mostrado resistente a aumentos consideráveis nas taxas de juros”.

Por outro lado, o governador do Fed vê avanços na adoção de uma política monetária mais restritiva. “A taxa de inflação de três meses está abaixo da taxa de 12 meses, o que destaca o progresso. E há motivos para otimismo com a continuidade da melhora, inclusive com a forte desaceleração do aumento dos aluguéis desde meados do ano passado, que só começará a ser capturada nas estatísticas de inflação nos próximos meses”.

Vários dados serão divulgados antes da reunião dos membros do Fomc, entre 21 e 22 de março. “Se a criação de empregos voltar a um nível consistente com a trajetória de queda observada no final do ano passado e a inflação recuar significativamente em relação aos números de janeiro e retomar sua trajetória descendente, então eu apoiaria a elevação da meta para a taxa de fundos federais mais algumas vezes, para uma taxa terminal projetada entre 5,1% e 5,4%”.

Mesmo que os dados sejam promissores, o governador do Fed disse que não se deve arriscar. “Depois de ver sinais promissores de progresso, não podemos arriscar um renascimento da inflação. Os formuladores de políticas devem permanecer dependentes dos dados, portanto, minha opinião dependerá do que os dados dizem”, conclui.