Em sessão volátil, Bolsa fecha em leve queda com expectativa para resultado do Itaú e ata do Copom; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa operou todo o pregão com muita volatilidade e fechou em leve queda, acima dos 119 mil pontos, com os investidores cautelosos à espera do resultado do Itaú (ITUB4) no segundo trimestre de 2023 e na expectativa para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 01 e 02, em que se deu o início do ciclo de corte da taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual (pp), mas os agentes financeiros querem conhecer mais detalhes sobre essa decisão.

Os papéis de Meliuz (CASH3) lideraram as quedas no Ibovespa em% “com a possível expectativa do mercado de um balanço ruim, que será divulgado na sexta-feira, e acompanha a queda de CVC e Petz por conta da ata dos DIs que prejudica o setor. “, disse Fabio Louzada, analista CNPI e fundador da Eu me banco. Já o setor de frigoríficos recuou, principalmente com JBS e BRF, acompanhando o resultado ruim divulgado pela Tyson Foods.

As ações Itaú (ITUB4) operaram todo o dia com volatilidade e fecharam em queda de 0,78%. Bradesco (BBDC 3 e BBDC4) registou queda de 0,64% e 0,71% e Santander subiu 0,07%. Banco do Brasil (BBAS3) caiu 0,16%.

Os papéis de BBSeguridade (BBSE3) lideraram a alta do Ibovespa em 2,38% refletindo o balanço que saiu antes da abertura do mercado e com anúncio do programa de recompra de ações e pagamento de R$ 3,2 bilhões em dividendos. A empresa registrou lucro líquido de R$ 1,841 bilhão, alta de 30,9% na comparação com o mesmo período de 2022.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,66% e 0,63%, apesar da queda do petróleo no mercado internacional. Os papéis da Vale (VALE3) avançaram 0,50% mesmo com o minério de ferro em queda.

O principal índice da B3 caiu 0,10%, aos 119.379,50 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto baixou 0,04%, aos 119.810 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Fabio Louzada, analista CNPI e fundador da Eu me banco, disse que o dia é de agenda esvaziada e os investidores ficam “no aguardo da ata do Copom amanhã, digerem o boletim Focus que manteve as projeções de inflação para este ano e diminuiu a expectativa para a taxa Selic de 12,00% para 11,75%, mercado espera pelo balanço do Itaú e repercute os números de BBSeguridade, a maior alta do dia”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o setor financeiro com cautela para o balanço do Itaú e a Vale estão puxando o índice pra baixo, mas a expectativa está para a ata de amanhã, dados de inflação aqui e principalmente nos Estados Unidos.

“Como a Selic caiu 0,50 pp não acreditamos que a inflação deva voltar com muita força, se voltar a crescer deve ser mais pra médio e longo prazos; atenção a inflação nos EUA na quinta-feira [CPI, inflação ao consumidor] , é muito importante saber se o Fed continua subindo 0,25pp ou vai atingir a estabilização para depois chegar a cair”.

Em relação ao balanço do Itaú, Mota disse que “é o player que entrega mais resultados dos quatro bancos e antecipa os movimentos, se tiver um balanço que não agrade o mercado como foi do Bradesco e do Santander, vamos ver algo mais setorial que operações específicas; é muito importante do balanço do Itaú para ver a economia em geral, o resultado deve vir em linha com o que o mercado espera e deve mostrar aumento da inadimplência”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos explicou sobre a evolução do Ibovespa em um início de corte da taxa básica de juros (Selic), e em média, o índice tem alta, isso foi visto nos ciclos anteriores, nos anos 2003, 2005, 2009, 2011, 2016 e 2019. “O Ibovespa sobe 9% depois de três meses, seis meses depois 26% e 12 meses depois também 26%”.

Para os próximos meses, em média, segundo o operador de renda variável da Manchester Investimentos, o Ibovespa pode caminhar 26%. ” A gente veio depreciado pelas eleições e estamos tendo algumas reformas estruturais que estão andando em paralelo com a queda da Selic, o que sustentam nossa ideia de que o Ibovespa pode chegar no fim do ano a 130 mil pontos e até romper esse patamar, o que seria positivo”.

Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, o dia é de agenda fraca por aqui, mas a semana é cheia. “Dados de inflação aqui e lá fora, ata do Copom amanhã dado que o mercado vem realizando desde o corte de juros, hoje o destaque fica para o resultado do Itaú visto a movimentação das ações do Bradesco na sexta-feira, após balanço; continua a preocupação com crescimento global e isso pode impactar as commodities. No dia 3 de agosto, o estrangeiro tirou quase R$ 1 bilhão da Bolsa e devemos acompanhar esse fluxo”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,39%, cotado a R$ 4,8944. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) volte a apertar o ciclo contracionista para conter a inflação, enquanto no cenário doméstico a projeção de novas quedas da Selic (taxa básica de juros) podem diminuir a entrada de capital no país.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, o aumento dos juros nos Estados Unidos e corte da Selic fazem o mercado se perguntar se o fluxo esrangeiro irá diminuir por aqui, fazendo com que o real perca força.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o exterior tem tom de cautela prevalecendo, em função das expectativas com o dados de inflação nos Estados Unidos que irão sair nesta semana”.

Rostagno entende que o mercado precifica uma Selic (taxa básica de juros) terminal mais reduzida que, aliada aos dados de inflação e IBC-Br que serão divulgados nesta semana, “tendem a pesar no humor do investidor. A perspectiva não é das mais favoráveis”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em alta. O mercado começa a semana apreensivo com a divulgação de dados de inflação da China e dos Estados Unidos, além de conflitos intensificados em regiões portuárias do Mar Negro, o que está elevando o preço do trigo e pode, até, ser indicativo de inflação. Os treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) estão em alta. Em cenário interno, expectativa para alta do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai amanhã de manhã.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,485% de 12,470% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,540% de 10,480%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,000%, de 9,930%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,110% de 10,070%  na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta segunda-feira em alta, impulsionado pelo sólido desempenho dos lucros corporativos e a expectativa em torno dos próximos dados de inflação do país.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,16%, 35.473,13 pontos
Nasdaq 100: +0,61%, 13.994,4 pontos
S&P 500: +0,90%, 4.518,44 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Agência CMA