Em dia sem direção única, Bolsa fecha estável com foco nos juros; dólar encerrou a R$ 5,25

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São Paulo -Em dia de volatilidade, a Bolsa fechou perto da estabilidade, em um pregão morno sem um fator para movimentar o índice e nem os pesos-pesados, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4), tiveram direção única. O mercado segue cauteloso em relação à política monetária aqui e nos Estados Unidos.

As ações cíclicas caíram: Lojas Renner (ON, -1,59%); Vamos (ON, -3,00%); CVC (ON, 4,25%). Petrobras (ON, -0,24%; PN, +0,17%) e Vale (ON, +0,37%).

O principal índice da B3 subiu 0,02%, aos 124.196,18 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,04%, aos 125.860 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, disse que o Ibovespa teve um dia mais volátil, perto do zero a zero com “a falta de drive importante para continuar o movimento que vem desde o dia 10. O mercado está aguardando dados, monitorando os próximos passos e drivers que podem fazer preço. Os principais pesos do Ibovespa, como Petrobras e Vale, também não caminharam para uma direção única”.

Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que no pregão desta quinta-feira o Ibovespa apresentou bastante volatilidade em um dia sem notícias de impacto.

“Hoje não teve novidades em relação ao cenário. O mercado segue cauteloso por conta do adiamento do corte de juros nos Estados Unidos e algumas falas de ontem do Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do BC] que trouxeram dúvidas sobre os próximos cortes da Selic. A Bolsa também acompanhou lá fora. Um ponto importante é que apesar dos DIs em queda, algumas ações cíclicas caem com o mercado receoso em relação à política monetária americana e aqui. Depois que o Indice perdeu os 126 mil pontos, agora o ponto importante é a região dos 123 mil pontos que pode segurar o mercado. Se perder, vejo potencial para buscar os 120 mil pts”.

Mais cedo, Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o mercado está de lado.

“A Petrobras está puxando o fluxo. O mercado está esfriando um pouco mais dentro do intraday, não tem conseguido manter aquela pujança. O mercado de renda variável ajusta posições. Tecnicamente o mercado deve buscar a região dos 120 mil pontos [para a Bolsa], ficou mais pessimista que a realidade e daqui pra frente tem de mais a surpreender que decepcionar. No curto prazo, o Ibovespa pode cair mais, não se consolidou um cenário para retomar alta; o patamar de 120 mil pontos é interessante e para um final do ano otimista atingiria 150 mil pts, se testa 120 [mil pts pra 150 [mil pts] é um prêmio muito bom. Se o governo se segurar e não gastar a ponto de quebrar, logo a gente entra em um ciclo positivo de commodities e entra fluxo”.

Em relação ao exterior, Lourenço disse que os dirigentes do Fed têm dito que não vê cenário para corte de juros em 2024 e começa a se desenhar um discurso mais hawkish.

“Não descarto corte este ano, vai depender de dados, mas a gente já começa ver dados mistos da economia americana. A economia antes de cair, se estabiliza e é o que estamos vendo agora. No segundo semestre deve dar sinais de arrefecimento e os EUA têm dívida grande e uma recessão seria muito grave, não iam pagar pra ver”.

Um analista do mercado financeiro de um grande banco disse que a Petrobras ajuda a Bolsa e o mercado está de olho nas falas de Campos Neto e dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

“Um representante minoritário da Petrobras disse que a estatal tem caixa para distribuir os dividendos extraordinários aos acionistas e manter a política de investimento da empresa. Os investidores esperam mais sinais de Campos Neto e acredito em três cortes de 0,25pp e de dirigentes do Fed, a inflação está difícil de abaixar”.

O dólar fechou em alta de 0,15%, cotado a R$ 5,2507. A moeda refletiu. ao longo da sessão, as incertezas que permeiam o cenário global, em especial os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na condução da política monetária.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “o movimento deve continuar, com o dólar começando a arrefecer. O fiscal já foi precificado e não escalada do conflito no oriente médio contribuem para isso”.

Komura observa que o mercado já aposta em uma Selic (taxa básica de juros) terminal maior do que o previsto há um mês e que o discurso mais duro dos dirigentes do Fed favorecem a divisa estadunidense.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros fecham em queda, corrigindo a forte alta dos últimos dias. Os Treasuries dos Estados Unidos sobem, pressionadas por falas mais hawkish de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e escalada do conflito entre Israel e Irã.

Por volta das 17h10 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,420%, de 10,425% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,768 de 10,755%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,980%, de 11,015%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,210% de 11,250% na mesma comparação. No mercado futuro de câmbio, o dólar comercial operava em alta, cotado a R$ 5.2507 para a venda.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, enquanto os entraves de abril persistem no mercado e os investidores se preparavam para o relatório de lucros da Netflix referentes ao último trimestre.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,06%, 37.775,38 pontos
Nasdaq 100: -0,22%, 50011,12 pontos
S&P 500: -0,52%, 15.601,50 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News