Em ata, Copom considera pouco provável intensificação no ritmo de ajustes

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Comitê de Política Monetária (Copom). (Foto: Beto Nociti/BCB)

São Paulo, 26 de setembro de 2023 – O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) considera pouco provável a intensificação no ritmo de ajuste da taxa Selic. Ao considerar os próximos passos para condução da política monetária, a ata da reunião realizada nos dias 19 e 20 de setembro enfatizou que os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

 

“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, informou.

 

O Copom avaliou que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado. “O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”.

 

Segundo a ata, tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços.

 

Inflação

 

Segundo o documento, as expectativas de inflação seguem acima da meta e se mantiveram relativamente estáveis recentemente. Alguns membros se mostraram particularmente preocupados com a possibilidade de metas desancoradas por um período longo. “Em segundo lugar, prossegue o processo de desinflação, com a inflação de serviços desacelerando na margem. Alguns membros enfatizaram em particular a composição benigna recente da inflação e a queda na inflação de serviços, enquanto outros enfatizaram que os fundamentos subjacentes para a dinâmica da inflação de serviços, em particular a resiliência da atividade econômica e do mercado de trabalho, ainda não permitem extrapolar com convicção o comportamento benigno recente”.

 

Com relação ao hiato do produto, notou-se um aperto do hiato do produto na margem, em função da maior resiliência da atividade econômica. Também foram avaliadas as implicações de formas alternativas de mensuração do hiato do produto e seus respectivos impactos nas projeções. “Por fim, notou-se que houve uma elevação das projeções no cenário de referência em função principalmente de um hiato do produto mais apertado e da alteração de condicionantes, como a elevação do preço de petróleo, a depreciação cambial e a redução da trajetória Selic da pesquisa Focus. Após a análise do cenário, todos os membros concordaram que era apropriado reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, de forma a ajustar o grau de aperto monetário prospectivo”.

 

Dylan Della Pasqua / Agência CMA

 

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