Economia deve se manter enfraquecida, mas não é momento de declarar vitória sobre a inflação, diz Lagarde

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A presidente do BCE, Christine Lagarde | Foto: Felix Schmitt/ECB

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em um discurso hoje (27) mais cedo na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, afirmou que a economia da zona do euro está enfraquecida, a inflação vem em ritmo de queda, mas ainda não é hora de declarar vitória.

“A atividade na área do euro estagnou nos últimos trimestres e deverá permanecer fraca durante o resto do ano. O PIB real contraiu 0,1% no terceiro trimestre, refletindo um impacto cada vez maior das taxas de juro mais elevadas, da fraca procura externa e do desvanecimento do ímpeto da reabertura da economia após a pandemia”, afirmou.

Para Lagarde, a produção industrial continuou a cair e a atividade no sector dos serviços está enfraquecendo ainda mais. “Embora as perspectivas de curto prazo permaneçam moderadas, a economia deverá se fortalecer novamente nos próximos anos, à medida que a inflação cair ainda mais, os rendimentos reais das famílias recuperarem e a procura de exportações da área do euro aumentar”.

Ela citou que a inflação global em outubro ficou em 2,9%, e o núcleo ficou em 4,2%. Mas, com mercado de trabalho resiliente, as pressões salariais permanecem. “Esperamos que os salários continuem a ser um fator-chave que impulsiona a inflação interna”.

Ainda assim, Lagarde acredita que, embora em tendência de queda, “a inflação global possa voltar a subir ligeiramente nos próximos meses, principalmente devido a alguns efeitos de base”.

Para evitar que a inflação volte a subir fortemente, o BCE está determinado a manter a política restritiva, “durante o tempo que for necessário. O nível e a duração adequados das restrições continuarão a ser determinados de forma dependente dos dados, avaliando as perspectivas de inflação, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária”.

Ela anunciou que, em dezembro, o banco vai reavaliar o guidance da sua política monetária, com base em novos dados e projeções atualizadas, incluindo para 2026.

O meio ambiente também está dentro das preocupações do banco. “As alterações climáticas e a proteção do ambiente também são relevantes para o BCE, tanto na perspectiva dos nossos objetivos primários como secundários. O BCE continua, portanto, empenhado, no âmbito do seu mandato, em desempenhar o seu papel”.

Por conta disso, o banco está empenhado em considerar formas de assegurar uma maior descarbonização de suas carteiras empresariais, “em uma trajetória que apoie os objetivos do Acordo de Paris, sem prejuízo do nosso objetivo de estabilidade de preços”.

Afinal, para Lagarde, “à medida que entramos numa nova era de tensões geopolíticas acrescidas e de uma crise climática em evolução, precisamos intensificar os nossos esforços para tornar as nossas economias mais resilientes”.

Na conclusão de seu discurso, a presidente do BCE disse que ainda não é hora de se pensar em fim do período restritivo dos juros. “Este não é o momento de começar a declarar vitória. Precisamos permanecer atentos às diferentes forças que afetam a inflação e firmemente concentrados no nosso mandato de estabilidade de preços”.