Economia da zona do euro estagnou no primeiro semestre de 2023, diz presidente do BCE

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São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, participou nesta segunda-feira da Audiência da Comissão dos Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, onde afirmou que a economia da zona do euro estagnou no primeiro semestre deste ano.

Lagarde começou seu discurso destacando os esforços do BCE para trazer a inflação de volta ao seu objetivo de médio prazo de 2%. Segundo ela, “a fim de reforçar os progressos no sentido do nosso objetivo, decidimos, na nossa última reunião, aumentar as três taxas de juro diretoras do BCE em 0,25 ponto percentual”. Esta medida foi tomada com base na avaliação de que “as nossas taxas atingiram níveis que, mantidos por um período suficientemente longo, contribuirão substancialmente para o retorno oportuno da inflação à nossa meta”.

Na sequência, a presidente do BCE abordou as perspectivas para a economia da zona do euro. Ela observou que a atividade econômica estagnou globalmente no primeiro semestre de 2023, com indicadores apontando para uma maior fraqueza no terceiro trimestre. “A menor procura de exportações da área do euro e o impacto das condições de financiamento restritivas estão a atenuar o crescimento”, afirmou. Além disso, “o setor dos serviços, que até recentemente tinha sido resiliente, está agora também a enfraquecer”.

Apesar dos desafios, Lagarde destacou a resiliência do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego mantendo-se em seu mínimo histórico de 6,4% em julho. No entanto, ela alertou que “embora o emprego tenha crescido 0,2% no segundo trimestre, a criação de emprego no setor dos serviços está a moderar-se e a dinâmica econômica geral está a abrandar”.

Ela compartilhou perspectivas de que o dinamismo econômico melhorará à medida que os gastos dos consumidores e os rendimentos reais aumentarem, apoiados pela queda da inflação, pelo aumento dos salários e por um mercado de trabalho forte. “As nossas últimas projeções dos especialistas preveem um crescimento de 0,7% em 2023, 1,0% em 2024 e 1,5% em 2025”, afirmou.

Quanto à inflação, Lagarde enfatizou que, embora a inflação global tenha diminuído desde o pico registrado em outubro do ano passado, permanece em níveis elevados. “A inflação global continuou a descer desde o pico registado em outubro do ano passado, atingindo 5,2% em Agosto”, informou. Ela destacou a situação da inflação dos produtos energéticos e dos alimentos, observando que, embora tenha havido alguma redução em relação aos picos anteriores, ainda estão em níveis preocupantes.

A presidente do BCE também abordou a política monetária da instituição, enfatizando a determinação do BCE em trazer a inflação de volta ao objetivo de 2%. Ela explicou que “continuamos determinados a garantir que a inflação regresse ao nosso objetivo de médio prazo de 2% em tempo útil”. Além disso, acrescentou que “as nossas decisões futuras garantirão que as taxas de juros diretoras do BCE serão fixadas em níveis suficientemente restritivos durante o tempo que for necessário”. Lagarde reforçou que as decisões do BCE serão baseadas em dados econômicos e financeiros disponíveis.

A dirigente também abordou o tema do excesso de liquidez no sistema financeiro, discutindo como “a mudança para um sistema de distribuição total durante a crise financeira e a adoção de novos instrumentos de política monetária resultaram num forte aumento das detenções de moeda do banco central pelos bancos comerciais”. Ela mencionou que o excesso de liquidez diminuiu nos últimos doze meses devido a reembolsos e redução de títulos.

Em sua conclusão, Lagarde destacou a importância da união bancária, união dos mercados de capitais e euro digital como prioridades. Ela enfatizou a necessidade de políticas fiscais bem concebidas para tornar a economia mais produtiva e reduzir gradualmente a dívida pública. “Um quadro de governação econômica sólido é do interesse comum”, concluiu.