Devemos aumentar taxa básica de juros do Fed na reunião deste mês, diz Powell

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve aumentar as metas de taxas básicas do banco na reunião deste mês, que deve ocorrer entre os dias 15 e 16 de março.
“Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, esperamos que seja apropriado aumentar a faixa da meta para a taxa do Fed Funds em nossa reunião no final deste mês”, disse ele em discurso de abertura do seu testemunho de política monetária na comissão de Serviços Financeiros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, marcada para iniciar às 12h.
Segundo ele, com o encerramento das compras de ativos neste mês, os próximos passos na redução da acomodação monetária do país é a alta de taxas de juros e a redução do balanço do Fed. Atualmente, a faixa de meta da taxa básica de juros está entre zero e 0,25%.
“Como o FOMC observou em janeiro, a taxa de Fed Funds é nosso principal meio de ajustar a orientação da política monetária. A redução do nosso balanço patrimonial começará após o início do processo de elevação das taxas de juros e prosseguirá de maneira previsível, principalmente por meio de ajustes nos reinvestimentos”, disse ele.
Powell destacou que o Fomc continuará monitorando os dados para ajustar a orientação de política monetária e evitar ameaças ao cumprimento de suas metas de emprego máximo e preços estáveis.
GUERRA NA UCRÂNIA
Sobre a atual situação na Ucrânia e as sanções impostas pelos Estados Unidos sobre a Rússia, Powell disse que ainda é cedo para fazer previsões corretas de seus impactos sobre a economia.
“Os efeitos de curto prazo na economia norte-americana da invasão da Ucrânia, a guerra em andamento, as sanções e os eventos futuros permanecem altamente incertos”, disse ele.
“Fazer uma política monetária adequada neste ambiente requer o reconhecimento de que a economia evolui de forma inesperada. Precisaremos ser ágeis na resposta aos dados recebidos e às perspectivas em evolução”, complementou.
INFLAÇÃO
O presidente do Fed disse que o comitê continua “a esperar que a inflação diminua ao longo do ano, à medida que as restrições de oferta diminuem e a demanda se modera devido aos efeitos decrescentes do apoio fiscal e à remoção da acomodação da política monetária”.
De acordo com ele, a pressão inflacionária aumentou acentuadamente no ano passado e agora está bem acima do objetivo de longo prazo do Fed de 2%. “A demanda é forte e gargalos e restrições de fornecimento estão limitando a rapidez com que a produção pode responder”, afirmou.
Powell disse que essas interrupções no fornecimento foram maiores e mais duradouras do que o previsto, exacerbadas pelas ondas do vírus, e os aumentos de preços agora estão se espalhando para uma gama mais ampla de bens e serviços.
“Estamos atentos aos riscos de uma potencial pressão ascendente adicional sobre as expectativas de inflação e a própria inflação por diversos fatores”, complementou.
MERCADO DE TRABALHO
Powell destacou que o mercado de trabalho está “extremamente apertado”. “A taxa de desemprego caiu substancialmente no ano passado e ficou em 4,0% em janeiro, atingindo a mediana das estimativas dos participantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de seu nível normal de longo prazo”, afirmou ele.
Segundo o presidente do Fed, as melhorias nas condições do mercado de trabalho foram generalizadas e a demanda por mão de obra é muito forte. No entanto, embora a participação da força de trabalho tenha aumentado, a oferta de mão de obra permanece moderada.
“Como resultado, os empregadores estão tendo dificuldades para preencher vagas de emprego, um número sem precedentes de trabalhadores está se demitindo para aceitar novos empregos e os salários estão subindo no ritmo mais rápido em muitos anos”, afirmou ele.
ÔMICRON
Powell também explicou que disseminação da variante Ômicron levou a alguma desaceleração na atividade econômica no início deste ano, mas “com os casos caindo acentuadamente desde meados de janeiro, a desaceleração parece ter sido breve”, acrescentou.
Segundo ele, a atividade econômica expandiu a um ritmo robusto de 5,5% no ano passado, refletindo o progresso nas vacinações, a reabertura da economia, o apoio dado pela política fiscal e monetária e as posições financeiras saudáveis de famílias e empresas.