Desemprego sobe e tem maior taxa da série histórica, diz IBGE

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Carteira de trabalho. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

São Paulo – A taxa de desocupação da população brasileira foi estimada em 13,8% no trimestre móvel até julho, ficando 1,2 ponto percentual (pp) acima do observado no período anterior (12,6%), referente aos meses de fevereiro a abril, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou em linha com a mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA, de 13,8%. 

Trata-se da maior taxa de desocupação deste ano e é a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012. Já na comparação com o mesmo período anterior, referente ao trimestre móvel de maio a julho do ano passado, quando estava em 11,8%, houve um aumento de 2,0 pp, segundo o IBGE.

Ao fim de julho deste ano, a população desocupada somava 13,1 milhões de pessoas, estável em relação ao trimestre imediatamente anterior, mas avançou 4,5% (561 mil pessoas a mais) no confronto com igual trimestre do ano passado. Já a população ocupada totalizou 82,0 milhões, seguindo no menor nível da série histórica, com quedas de 8,1% (7,2 milhões de pessoas a menos) em relação ao trimestre anterior e de 12,3% na comparação com o mesmo período de 2019 (11,6 milhões de pessoas a menos). 

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explica que as quedas no período da pandemia do novo coronavírus foram determinantes para os recordes negativos do trimestre encerrado em julho. “Os resultados das últimas cinco divulgações mostram uma retração muito grande na população ocupada. É um acúmulo de perdas que leva a esses patamares negativos”, avalia.

Com isso, a taxa de subutilização da força de trabalho atingiu o recorde de 30,1%, com altas de 4,5 pp em relação ao trimestre encerrado em abril deste ano e de 5,6 pp na comparação com igual período do ano passado. Segundo o IBGE, a população subutilizada somou 32,9 milhões e também foi mais um recorde na série, crescendo 14,7% (mais 4,2 milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e +17,0% (4,8 milhões de pessoas) na comparação com igual período de 2019.

Assim, a população fora da força de trabalho atingiu o maior contingente da série, somando 79,0 milhões de pessoas, com crescimento nas duas bases de comparação: +11,3 (mais 8,0 milhões de pessoas) no confronto trimestral e +21,8% (mais 14,1 milhões de pessoas) no confronto anual. A população desalentada também é a maior da história, com 5,8 milhões de pessoas, altas de 15,3% e de 20,0%, respectivamente.

“A população fora da força aumentou muito, mas em julho, aumentou menos. Isso pode indicar um certo retorno das pessoas ao trabalho. Os movimentos ainda são discretos no comparativo com todo o período, mas é um indicativo”, acrescenta Beringuy.

Já em relação à renda, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores foi estimado em R$ 2.535 no período entre maio e julho deste ano, com altas de 4,8% frente ao trimestre imediatamente anterior e de 8,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2019. Por sua vez, a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados nos últimos três meses até julho foi estimada em R$ 203,0 bilhões, quedas de 3,8% (menos R$ 8,0 bilhões) em relação ao trimestre anterior e de 4,7% frente ao mesmo período de 2019.