Dados externos animam investidores e fazem Bolsa fechar em alta

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Gráfico

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 1,37%, aos 79.918,36 pontos, refletindo os ganhos de Bolsas no exterior após dados melhores do que o esperado da balança comercial chinesa e de sinais de que alguns países estão começando a afrouxar quarentenas para combater o novo coronavírus.

No entanto, o índice, que chegou a subir mais de 3% pela manhã, reduziu ganhos perto do fim do pregão com a virada das ações da Petrobras, que acompanharam a queda dos preços do petróleo. O volume total negociado foi de R$ 21,2 bilhões.

“A balança comercial da China não veio tão feia como o esperado e ajuda na recuperação de commodities como o minério de ferro. Também seguimos tendo notícias de que a curva de novos casos de coronavírus está normalizando em vários países, o que poderia levar a reaberturas, apesar de alguns países ainda estarem estendendo quarentenas”, disse o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi.

As exportações da China caíram 6,6% em março em base anual, sendo que analistas esperavam queda de 15,9%. Já as importações recuaram 0,9%, sendo que a previsão era de declínio de 10,0%.

Investidores também observam medidas tomadas pelos países em meio à pandemia. Nos Estados Unidos, o principal conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, afirmou, em uma entrevista para a Fox Business, que presidente norte-americano, Donald Trump, fará alguns anúncios importantes nos próximos dias sobre a reabertura da economia.

Já a Itália autorizou a partir de hoje a reabertura de algumas atividades não essenciais, como livrarias, papelaria e lojas de roupas infantis, aliviando algumas das restrições em vigor para conter a disseminação do novo coronavírus. No entanto, a quarentena do país, que duraria até 13 de abril, foi prorrogada.

Na cena doméstica, o mercado recebeu mal a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei (PL) 149/2019, que prevê ajuda financeira federal para compensar a perda de arrecadação que os estados devem enfrentar por causa da doença. Há receio de que impacto fiscal seja elevado e o governo discorda do formato da ajuda que determina o cálculo e a distribuição de recursos com base na arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto Sobre Serviços (ISS) de 2019.

Já entre as ações, os papéis da Petrobras (PETR3 -0,57%; PETR4 -1,35%) fecharam em queda, pesando sobre o Ibovespa, após sinais de tensão entre reguladores e produtores de petróleo no estado norte-americano do Texas sobre cortes de produção, com a continuidade de problemas para  lidar com o excesso de oferta da commodity.

Por outro lado, outros papéis de peso para o índice, como os de bancos tiveram um desempenho positivo hoje. É o caso do Bradesco (BBDC4 1,77%) e do Itaú Unibanco (ITUB4 1,75%).

As maiores altas do Ibovespa, por sua vez, foram da Braskem (BRKM5 28,13%), que tiveram a recomendação elevada para “overweight” (equivalente à compra) pelo Morgan Stanley. Em seguida, ficaram as ações do IRB Brasil (IRBR3 15,78%) e da Via Varejo (VVAR3 12,89%). Na contramão, as maiores perdas foram da Ultrapar (UGPA3 -2,95%), da Cielo (CIEL3 -1,81%) e do Carrefour (CRFB3 -1,73%).

Na agenda de amanhã, investidores devem ficar atentos a uma série de indicadores nos Estados Unidos, como vendas no varejo, produção industrial, estoques de empresas, entre outros. O pregão de amanhã também será de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o que pode trazer alguma volatilidade.

O dólar comercial fechou em alta de 0,11% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1890 para venda, em sessão de forte volatilidade, com a moeda operando de lado em boa parte da sessão em meio ao fluxo local com baixa liquidez e com o exterior negativo para as principais moedas de países emergentes.

Na primeira parte dos negócios, a moeda exibiu queda firme reagindo aos dados da balança comercial da China, no qual o recuo foi menor que o esperada nas exportações e importações. “Em conjunto com o aparente afrouxamento das políticas de isolamento social em países importantes da Europa deram um tom positivo aos mercados naquele momento”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

No fim da manhã, a moeda inverteu sinal e chegou às máximas acima de R$ 5,21 com a virada no preço do barril de petróleo, o que impactou as moedas de países emergentes e ligadas à commodities.

“O fluxo cambial negativo ajudou a azedar os mercados e conduzir o dólar novamente aos patamares acima de R$ 5,20. A acomodação das cotações e as vendas pontuais nesses níveis contribuíram para que o real recuperasse um pouco o valor”, ressalta o analista.

Amanhã, o destaque é a agenda de indicadores dos Estados Unidos com os números da produção industrial e de vendas no varejo em março no qual trata os efeitos do isolamento social no país em boa parte do mês passado. À tarde, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) divulgará o Livro Bege com a avaliação da situação econômica.

“Acredito que o mercado já espere por números ruins dos Estados Unidos e que já esteja nesse preço. De qualquer forma, os números e os desdobramentos do novo coronavírus seguirão dando o tom dos mercados”, comenta o gestor de investimentos, Paulo Petrassi.

Já o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, destaca que os números da economia norte-americana serão “importantíssimos” para saber o tamanho do “tombo” da principal economia diante da pandemia.