Custos elevados podem reduzir desempenho de Azul e Gol

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Foto: General Eletric

São Paulo, SP – A XP Investimentos divulgou um relatório sobre as perspectivas do setor aéreo para 2023, apontando que a recuperação após o surto da pandemia é visível, mas que ainda é preciso melhorar as margens das companhias devido aos custos ainda elevados.

“Embora as operações e os volumes estejam em níveis mais normalizados (principalmente no mercado doméstico), a base de custos da indústria aumentou significativamente (FX e BRENT +31% e +54% em 2022 vs. 2019, respectivamente), explicou a XP.

Segundo a análise, as companhias aéreas brasileiras tiveram sucesso em aumentar o RASK (Receita operacional por assentos-quilômetro oferecidos) como resposta ao aumento significativo do CASK (Custo Operacional). A Azul e a Gol aumentaram o RASK em 27-38%,
respectivamente, de 2019 a 2022E (os esforços de aumento de rendimento mais do que compensaram a queda nos fatores de ocupação). No entanto, não foi suficiente para compensar os respectivos aumentos de CASK de 44-59% no mesmo período (principalmente impulsionados pelo maior CASK-combustível).

“Para 2023, embora prevejamos uma dinâmica de custos melhorada e taxa de câmbio apenas 2,5% maior, o cenário de primeira linha deve permanecer desafiador, pois as companhias aéreas projetam um importante crescimento doméstico do ASK, principalmente Gol, e o Produto Interno Bruto (PIB) deve permanecer restritivo para o crescimento do RPK”, salientou a XP.

Sobre a Gol, a corretora mantém a recomendação Neutra, principalmente com base no crescimento de receita já que os níveis de ASK ainda estão 22% abaixo dos níveis pré-pandemia e essa lacuna deve começar a diminuir a partir de 2023. Além disso, ganhos de eficiência, preços mais baratos dos combustíveis e yields mais elevados deverão trazer uma expansão da margem. Por outro lado, o setor aéreo é altamente dependente do crescimento econômico doméstico, e a perspectiva macro de curto prazo ainda não possibilita ter uma visão mais otimista.

Para a Azul, a corretora também mantém a recomendação neutra, principalmente com base em sua exposição a hubs menos competitivos, dando maior poder de precificação em comparação aos pares, e ao já avançado processo de recuperação de margem e eficiência em comparação a seus pares.

“Temos preocupações importantes relacionadas à indústria, já que o setor aéreo é altamente dependente do cenário econômico doméstico. Azul é o nosso nome preferido no
setor aéreo brasileiro, destacou a XP.

Por fim, a corretora lembrou que, atualmente, a Azul está sendo negociada a 6,3x EV/EBITDA, abaixo de seu múltiplo histórico de 8,8x; e a Gol está sendo negociada com um prêmio de 5%, enquanto historicamente tem um desconto médio de 33%. Apesar do múltiplo de ambas as ações ter sido corrigido, é importante salientar que isso aconteceu em um ambiente de juros significativamente maiores no Brasil.