Cuomo renuncia como governador de Nova York após casos de assédio sexual

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O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, em coletiva de imprensa / Foto: Darren McGee/ Gabinete

São Paulo – Andrew Cuomo renunciou ao cargo de governador de Nova York na esteira dos resultados de meses de investigação que apontaram que ele violou leis estaduais e federais e protagonizou sucessivos episódios de assédio sexual em seu gabinete.

Na semana passada, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, apresentou relatório que indicava que Cuomo assediou sexualmente várias mulheres, criou um ambiente de trabalho hostil e retaliou pelo menos um ex-funcionário. Ele negou algumas das alegações e explicou outras como interpretações errôneas.

Na ocasião, o presidente norte-americano, Joe Biden, até então considerado aliado de Cuomo,  disse que ele deveria renunciar diante das conclusões da investigação da procuradora-geral.

A saída de Cuomo do cargo, que entrará em vigor em 14 dias, marca uma reviravolta de pouco mais de um ano atrás, quando o governador era visto como uma estrela em ascensão no Partido Democrata pela resposta de seu governo à pandemia do novo coronavírus.

“Acho que, dadas as circunstâncias, a melhor maneira de ajudar agora é me afastar e deixar o governo voltar a ser governo”, disse Cuomo em coletiva. “Minha demissão entrará em vigor em 14 dias”, acrescentou.

Cuomo, de 63 anos, é filho do ex-governador de Nova York, Mario Cuomo. Ele atuou como conselheiro na administração de seu pai, serviu como secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano na administração de Bill Clinton e foi eleito pela primeira vez para um cargo estadual em 2006, como procurador-geral do estado de Nova York. Cuomo foi eleito governador em 2010 e cumpria seu terceiro mandato.

UMA MULHER NO COMANDO

A vice-governadora Kathy Hochul, assumirá o cargo no lugar de Cuomo e se tornará a primeira mulher a comandar o estado de Nova York. Ela é vice-governadora, está no cargo desde 2015 e é considerada uma democrata de centro.

Como vice-governadora, Hochul manteve uma distância característica de seu chefe. Nos últimos meses, enquanto a investigação em torno de Cuomo se intensificava sobre o tratamento dado às mulheres e acusações de que sua administração minimizou intencionalmente o verdadeiro número de mortes em lares de idosos de Nova York durante a pandemia de covid-19, ela se separou ainda mais de Cuomo.

Hochul classificou o comportamento em relação às mulheres de repulsivo após a divulgação do relatório da procuradora-geral de Nova York, Letitia James.

“O assédio sexual é inaceitável em qualquer local de trabalho, e certamente não no serviço público”, disse Hochul ao New York Times na ocasião. “A investigação da procuradora-geral documentou comportamento repulsivo e ilegal do governador em relação a várias mulheres. Ninguém está acima da lei.”