Cosan totaliza R$ 21 bilhões em participações e descarta ir à mercado para captar recursos

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São Paulo – Em apresentação para investidores no Cosan Day, a área de investimentos corporativos da Cosan disse que investiu R$ 21 bilhões no último ano, boa parte em R$ 17,4 bilhões em mineração atráves de sua participação na Vale, em terras, com Janus e Telus.

“Na Vale, vamos investir com cooperação, com a nossa entrada no conselho da Vale. A empresa é uma forte pagadora de dividendos e estaremos expostos à moeda forte e demanda global por meio dessa participação”, disse o CEO da Cosan, Luis Henrique Guimarães. “A Vale é um grande ativo, acreditamos no potencial que a empresa tem”, acrescentou.

Em relação ao financiamento da companhia, o vice-presidente financeiro da Cosan, Marcelo Martins, disse que a empresa está com boa liquidez e que não tem planos de ir à mercado com ofertas via Rumo ou por IPO de Compass. “Neste momento, a empresa não vai a mercado via equity de suas controladas, no ano que vem podemos avaliar. Não temos intenção de gerar liquidez com preços que achamos inadequados”, disse o VP.

O executivo também disse que poderá aumentar sua participação na Vale via aporte no collar mas que não tem a intenção de fazer isso agora. “Sempre buscaremos opcionalidade para tudo o que a gente faz, mas com uma execução com disciplina e gestão de riscos.”

A parcerias também têm exposição ao “risco Cosan” e participam de discussões estratégicas, disse o vp financeiro da Cosan. “As recompras de ações serão feitas”, acrescentou Martins.

Em terras, o CEO da Cosan disse que atualmente são 318 mil hectares sob gestão em 7 estados e que o negócio tem potencial de oferecer “alta rentabilidade”.

Outro investimento da Cosan é no Porto São Luis, com 200 hectares de área licenciada para movimentação de minério e potencial de até 115 milhões de toneladas por ano, caso a joint venture se concretize. “O ano que vem será decisivo para a construção no porto”, disse o diretor executivo.

A companhia também olha para tendências em transição energética e tem o compromisso de investir US$ 25 milhões em Climate Tech Fund, uma oportunidade para investir em tecnologias desruptivas. Do valor total acordado, a companhia já investiu US$ 16 milhões.

A Cosan divulgou na noite desta segunda-feira (11) um guia de modelagem de sua estrutura corporativa, com o objetivo de apoiar os investidores em um melhor entendimento sobre a companhia e sua geração de caixa.

O CFO da Cosan, Ricardo Lewin, disse que a companhia tem R$ 2,6 bilhões em ebitda sob gestão, que apresenta um crescimento com retornos robustos nos investimentos de seu portfólio. Em Raízen, a taxa interna de retorno (TIR) é de 21%, em Rumo 23% e Compass 22%. “A gestão financeira da Cosan é baseado do tripé de liquidez, gestão de riscos e remuneração para os acionistas.”

O executivo disse que a empresa já pagou R$ 300 milhões em vencimentos relativos à sua compra de participação na Vale. A Cosan tem participação direta de 1,7% na mineradora, mais participação collarizada de 3,2% e call spread de 1,6%. “Essa estrutura de investimento tem extrema liquidez e pode ser desfeita facilmente caso necessário”, comentou o CFO.

A Cosan atualmente opera com alavancagem de 1,1 vez e disse que seguirá investindo em projetos com demanda. A empresa vê a construção como um risco e que busca parceiros com capacidade de execução para cumprir sua agenda de crescimento que já está contratada. “Esse é o grande desafio da companhia para os próximos meses”, comentou a diretoria, em resposta a analistas no Cosan Day.

Raízen prevê até R$ 6 bilhões em caixa com etanol de segunda geração

Em sua apresentação para investidores no Cosan Day, o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, disse que prevê ganhos de até R$ 6 bilhões com etanol de segunda geração ao concluir 5 plantas que estão em construção. O executivo também apresentou perspectivas positivas com a produtividade de cana, bioeletricidade, etanol SAF de aviação e açúcar. A empresa projeta mais de R$ 1,2 bilhão em ebitda safra 2023’24 na comparação anual.

A companhia também elevou em 80% a produtividade da planta de etanol de segunda geração Costa Pinto, tem outras 5 plantas em construção com capex de R$ 1,2 bilhão por planta e capacidade de 82 milhões de litros por planta. “A construção de cada planta tem baixo risco, também operamos bem, sem risco de execução e o negócio vai gerar entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões de caixa”, detalhou Mussa.

A empresa também está investindo em bioeletricidade com geração de caixa. “Não preciso de nenhum hectare a mais para gerar caixa”, disse Mussa.

A companhia espera alcançar um ganho de 15% em sua produtividade na comparação anual, que atualmente já aumentou 30% na comparação ao registrado entre abril e agosto de 2022/23 para o mesmo período de 2023/24, quando aumentou de 72 ton/hec para 92 ton/hec.

A Raízen recebeu certificação Corsia para produção de etanol SAF para aviação. “É um mercado de altíssimo prêmio, com uma demanda muito forte”, comentou o executivo.

O executivo também prevê bons retornos em açúcar com produtividade alta e preços.

A companhia está concluindo um investimento de R$ 2,5 bilhões iniciado há cinco anos para ampliar a segurança de suas operações em seu parque industrial.

A Raízen registrou recordes em produtividade, com 65% do canavial já no potencial e 80% ao final da safra atual (2023/24).

“A companhia está no pico de investimento com baixo risco”, disse o CEO.

MOBILIDADE – Desde julho, a preço do diesel está mais caro e com a nova política de preços adotada pela Petrobras. “O produto [diesel] está mais escasso com preços melhores. A nossa margem tem melhorado consideravelmente no segundo trimestre em relação ao primeiro”, disse o CEO da Raízen.

A companhia disse que está com uma molécula melhor do que em relação ao primeiro trimestre e espera que isso reflita em melhores margens de lucro.

A companhia também registra bons reultados em lubrificantes e nas operações de conveniência Oxxo e venda de produtos de mobilidade.

Rumo investirá entre R$ 3,6 bilhões a R$ 3,8 bilhões em 2023

O CEO da Rumo, Beto Abreu, detalhou suas estimativas para o ano, de capex entre R$ 3,6 bilhões a R$ 3,8 bilhões, ebitda ajustado de R$ 5,4 bi a R$ 5,7 bilhões e alavancagem de 2 vezes. A empresa atualmente realiza investimentos nas concessões da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), nas malhas Paulista e Central e na extensão Ferrovia Mato Grosso.

Atualmente, a companhia negocia a concessão da Malha Oeste espera concluir até o fim do ano que vem a negociação que já dura quase dois anos, disse o CEO.

“Na malha Central, a companhia opera até Lucas de Rio Verde. Fará o primeiro trem em setembro que irá conectar São Paulo, passando pelo Triângulo Mineiro até o norte do país”, disse Beto Abreu, em sua apresentação no Cosan Day, que está sendo realizado nesta terça-feira.

No Porto de Santos, a capacidade rodoviária em 2023 é de 51 Mton por ano. Até 2025, chegará a 77 Mton por ano.

“O novo Valongo é uma nova matriz de entrada do porto, o terminal 39 também está dobrando a capacidade, além de investimentos na margens esquerda e direita. A expectativa é que em 2025 tenha um outro nível de capacidade no porto”, detalhou Abreu.

Segundo o executivo, os investimentos em todo o país estão sendo coordenados.

O estado do Mato Grosso hoje é responsável por 56% do trade global de soja e 25% do trade global de milho, disse o executivo. A Rumo prevê passar de capacidade anual de exportação de 55 Mmton em 2022, para 75 Mmton em 2026 e 87 Mmton em 2030. A empresa planeja concluir o primeiro terminal Campo Verde em 2026.

Para 2024, a expectativa é de ampliar a capacidade de exportação de soja de 95 MMton para 98 MMton e de milho para 49 MMton, de 44 MMton. A companhia vê oportunidades para expandir as tarifas.

“O projeto de extensão de Lucas [do Rio Verde] saiu da área jurídica e regulatória e está em execução. No ano que vem vamos começar 150 km de construção e em 2026, vamos operar Rio Verde”, disse o CEO da Rumo.

O planejamento está sendo feito junto com o governo estadual, de forma integrada, considerando todos os modais.

“Vamos buscar o foco na execução e ter uma companhia segura para executar processos com disciplina. A demanda está cada vez mais crescente e com competitividade e extrema disciplina financeira”, disse.

Compass investirá R$ 1,9 bilhão em 2023

No Cosan Day, a Compass Gás e Energia anunciou a estimativa de investimentos de R$ 1,9 bilhão a R$ 2,2 bilhões em 2023, quando deve alcançar um ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 3,8 bilhões a R$ 4,1 bilhões e alavancagem de 1,1 vez. Segundo o CEO da Compass, Nelson Gomes, o ebitda da Compass já passa de R$ 1 bilhão nos últimos 12 meses e deve crescer mais por meio de aquisições ou expansão orgânica. A empresa atua em mais de 10 paises e modelo replicável de negócio em um mercado endereçavel de 18 bilhões de litros.

“A empresa é focada em lubrificantes e consolidou uma plataforma de atuação onde existem infindáveis oportunidades de crescimento orgânico e inorgânico. Continuaremos crescendo. Temos conhecimento do mercado mundial de lubrificantes e onde investir”, disse Nelson Gomes, em apresentação no Cosan Day, evento para investidores que está sendo realizado nesta terça-feira.