BCE deve aumentar as taxas de juros em 0,25 pp, antes de pausar em novembro

488
Eurotower, sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt / Foto: BCE

São Paulo – A próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE), que ocorrerá entre quarta-feira (13) e quinta-feira (14), está cercada de especulações e incertezas à medida que a instituição enfrenta um cenário econômico desafiador na zona do euro.

Na reunião de julho, a presidente do BCE, Christine Lagarde, surpreendeu os observadores ao anunciar que tanto uma pausa nas altas das taxas quanto um novo aumento eram possibilidades reais para a reunião de setembro. No entanto, desde então, os dados macroeconômicos divulgados apontam para um cenário de estagflação na zona do euro. Os indicadores de confiança despencaram, enquanto a inflação permaneceu muito acima da meta do banco central.

“Esperamos um debate acalorado com um resultado apertado. Embora haja argumentos válidos para justificar tanto uma pausa quanto outro aumento da taxa, estamos mantendo nossa opinião de que o BCE aumentará as taxas pela última vez” nesta semana, dizem os especialistas do ING.

Dillon Lancaster, gestor de carteira na TwentyFour Asset Management, concorda que não parece haver um consenso próximo. “Seja uma ‘pausa’, uma ‘pausa muito hawkish’ ou um aumento conciliatório de 0,25 ponto percentual, é pouco provável que tenha um grande impacto no mercado, em nossa opinião, com exceção da parte mais curta das curvas do euro”, diz ele.

O gestor também ressaltou que a maior parte do trabalho do BCE já foi feita e que o banco central estará atento aos dados econômicos para avaliar como o ciclo de aumento de taxas está afetando a economia real para então determinar os próximos passos em relação à política monetária.

De acordo com Kevin Thozet, membro do comitê de investimentos da Carmignac, esta semana representa a última janela de oportunidade para o BCE elevar as taxas de juros, especialmente porque a decisão de política monetária será acompanhada de projeções.

“Em um ambiente ‘estagflacionário’ na zona do euro, a preocupação do BCE está mais relacionada à frente da inflação do que à frente do crescimento”, escreve ele em uma nota. “Portanto, esperamos que o BCE mantenha uma postura hawkish em relação à inflação e aperte um pouco mais uma última vez antes de fazer uma pausa para avaliar”, observa, acrescentando que a Carmignac espera um aumento de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros.