Caso de rompimento de barragem em Mariana vai ser julgado na Inglaterra

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A Justiça é uma escultura localizada em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília,i feita em 1961 pelo artista plástico mineiro Alfredo Ceschiatti. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

São Paulo – O Tribunal de Apelação inglês aceitou jurisdição para ouvir demandas relacionadas ao desastre da barragem do Fundão, em Mariana (MG). A ação, que é movida pelo escritório de advocacia internacional PGMBM contra as empresas administradoras da mineradora anglo-australiana BHP, deve seguir agora para a fase de mérito, em que será determinada a responsabilidade das empresas sobre os danos causados pelo desastre.

Numa das maiores ações coletivas da história dos tribunais britânicos, o PGMBM busca reparação integral pelas perdas sofridas por seus clientes por conta do rompimento da barragem de Fundão em novembro de 2015, diz comunicado da entidade, que é uma é uma parceria única entre advogados britânicos, brasileiros e americanos motivados a defender vítimas de grandes corporações.

Em primeiro instância, o Tribunal de Apelação rejeitou em sua totalidade a contestação da BHP quanto à jurisdição para julgar a ação sob diversos fundamentos, incluindo que: nenhum dos Autores ou Réus são parte nas várias Ações Civis Públicas no Brasil; existe grande incerteza quanto à possibilidade de os Autores alcançarem compensação adequada no Brasil em comparação com a Inglaterra; e a provável demora na resolução da principal Ação Civil Pública (ACP) e a provável inaptidão dos autores para se ajuizar uma nova ACP contra a BHP no Brasil e consolidá-la com a ACP.

O caso envolve mais de 200 mil clientes, incluindo 25 municípios, 5 autarquias, 531 empresas de diferentes portes e 15 instituições religiosas.

Em uma primeira decisão, a Corte de Apelação manteve a decisão de primeira instância, mas os advogados fizeram uma segunda apelação, cuja decisão favorável foi publicada nessa sexta-feira.

Ao aceitar a jurisdição, o Tribunal de Apelação inglês deu esperança para as pessoas afetadas pelo maior desastre ambiental já ocorrido no Brasil, que há quase sete anos buscam justiça e reparação para reconstruírem suas vidas, disse o representantes do escritório internacional.

A BHP ainda pode apelar à Suprema Corte do Reino Unido, mas é preciso obter permissão da Corte para apresentar o recurso, o que é muito difícil de se obter.