BTG Pactual aposta na privatização da Eletrobras; resultados têm recepção negativa

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São Paulo – O BTG Pactual mostrou otimismo em relação à realização da privatização da Eletrobras, se não houver outro contratempo durante o processo no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a cisão da Eletronucelar e Itaipu, ainda há uma chance de que ela ocorra usando os números do quarto trimestre de 2021, lembrando que, para isso, deverá ser precificada antes de 13 de maio.
“Eventuais atrasos do TCU, principalmente uma eventual solicitação de algum de seus juízes de prorrogação para analisar o assunto, poderia comprometer o cronograma. No entanto, estamos otimistas de que processo avançará”, apontaram os analistas, em análise sobre os resultados de 2021 apresentados pela companhia na última sexta-feira (18/3).
O banco destacou que o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 2,24 bilhões reportado pela estatal no 4T21, superou sua expectativa de R$ 2,17 bilhões. O resultado foi impactado por efeitos não recorrentes, entre eles, resultados IFRS na transmissão (R$ 1,193 bilhão), provisões para inadimplência relacionados a empréstimos com distribuidoras privatizadas, principalmente Amazonas Energia (-R$ 970 milhões), provisões para empréstimos compulsórios (-R$ 803 milhões), outras contingências (-R$ 432 milhões) e baixa de elementos de combustível nuclear por oxidação em barras de combustível (-R$ 252 milhões), parcialmente compensado por créditos tributários reconhecidos no Amazonas GT (+R$ 515 milhões) e pelo acordo de repactuação do risco hidrológico (GSF, na sigla em inglês), de R$ 439 milhões.
O relatório do banco afirmou que esses resultados fizeram o ebitda ajustado de R$ 2,558 bilhões superar suas projeções, reflexo de maiores volumes vendidos a preços mais elevados no chamado mercado livre de energia por Furnas, das reversões de provisões relacionadas a energia indisponibilidade da Eletronuclear durante a pandemia, de maiores receitas nas termelétricas da Eletronorte em Amazonas devido aos contratos indexados ao IGP-M, entre outros.
Com isso, o banco manteve sua recomendação de compra para as ações da estatal, com preço-alvo de R$ 66,00.
O Ativa Investimentos avaliou os resultados da Eletrobras negativamente, citando que, mesmo com as receitas acima das expectativas, tanto em geração como em transmissão, os custos e despesas operacionais da empresa, corroborados por maiores custos de compra de energia para revenda e provisões, atrapalharam o balanço.
A análise da Ativa aponta que a companhia vendeu 3,9 TWh a menos de energia vs. 4T20. No balanço energético, 32%, 35%, 48% e 61% seguem descontratados para 22, 23, 24 e 25, respectivamente.
Por fim, os analistas apontaram que o pior resultado financeiro foi consequência do aumento de encargos financeiros, aliado ao pior ebitda em função de maiores custos e despesas operacionais. A expectativa da Ativa era de um lucro líquido 73% superior.
Ao fim do pregão, os papéis ELET3 e ELET6 recuaram 0,96% e 0,91%, a R$ 34,72 e R$ 34,68.