Bolsa fecha em alta com commodities e bancos; dólar tem forte queda

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Sã Paulo- A Bolsa fechou em alta, descolada dos índices em Nova York, em mais uma sessão sustentada pelas commodities ligadas ao minério e petróleo-subiu mais de 7%; o setor financeiro também ajudou a puxar o índice para cima às vésperas da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
O setor varejista caiu em bloco com as estimativas mais altas para a Selic em 2022.
O principal índice da B3 subiu 0,73%, aos 116.154,53 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento avançou 0,91%, aos 116.9355 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Fabrício Gonçalvez, Ceo da Box Asset Management, disse que as commodities e bancos. “Era para o índice estar voando para cima, mas o setor de varejo está pesando por conta do Boletim Focus divulgado esta manhã em que a projeção para a Selic em 2022 subiu de 12,75% para 13% e, em 2023, elevou para 9,00%, de 8,75%. Isso indica que a nossa inflação está mais apertada”.
O Ceo da Box Asset Management afirmou que o pregão de hoje está com baixa liquidez e muita volatilidade. “O fluxo estrangeiro está mais para giro que para [os investidores] fazer posição”. O Ibovespa está estacionado em uma região importante região entre 115 e 116 mil pontos, disse.
Outro analista que não quis se identificar a liquidez está concentrada nos papéis da Vale, Petrobras e Bradesco.
As ações da Vale (VALE3), Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) subiram respectivamente 2,83%, 0,34% e 2,57%. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) e 3R Petrolium (RRRP3) avançavam 3,34% e 3,75%; 3,20%. No setor financeiro, Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) registraram ganho de 2,46% e 2,24%. Os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiam 1,88% e 2,36%. Os papéis de Lojas Renner (LREN3), Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas SA (AMER3) caíam 0,45%, 1,71% e 1,52%.
Pedro Tiezzi, analista de investimentos da SVN, disse que a Bolsa está com uma volatilidade positiva em um momento mais estável que na passada “puxada por commodities, como Vale, Petrobras e ações ligadas aos setores de minério e petróleo. O mercado está de olho no cenário internacional com os discursos do Fed [integrantes] com direcionamento para as próximas etapas, ou seja, se a alta de juros para as reuniões seguintes será de 0,25 ponto porcentual (pp) ou 0,50 pp”. Logo mais o presidente da instituição, Jerome Powell, terá participação em um evento para empresários.
Tiezzi também comentou sobre a valorização do setor bancário às vésperas da ata da última reunião do Copom. “Acredito que o documento vai trazer um tom mais hawkish [duro] principalmente com a alta do petróleo, que tem peso grande na nossa inflação”.
Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, afirmou, em relatório, que a Bolsa deve fechar ao final de 2022 com uma pontuação entre 120 mil e 130 mil pontos no final de 2022 devido ao fim do ciclo de aumento da taxa de juros e crescimento dos lucros das empresas, principalmente as produtoras de commodities. “Acreditamos que o Ibovespa ainda está no início da fase de ‘crescimento’ e que o momento atual lembra muito o ciclo de 2022-2008 com juros elevados, ganhos de preços das commodities e aumento de juros em diversos países”. Ele disse ainda que as eleições presidenciais no Brasil têm “risco pequeno”.
O dólar comercial fechou em R$ 4,9440, com queda de 1,45%. A cotação foi o menor valor desde o dia 30 de junho de 2021 (R$ 4,9720). Este movimento foi ocasionado pela alta global das commodities, gerando intensa entrada de capital estrangeiro na bolsa.
Para o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “o movimento de hoje está mostrando que o que vale, neste momento, são as commodities. O problema é quando ocorrer um clima de aversão ao risco”. O economista acredita que este quadro com uma piora no conflito na Ucrânia ou uma eventual queda das commodities.
Leal crê que, de certo, o Brasil se beneficia com a tensão geopolítica, principalmente por estar localizado distante dele. “O aumento das commodities deve impactar positivamente o câmbio para este ano, mas em 2023 deve ocorrer o inverso”, projeta.
De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o cenário de alta das commodities é favorável, o que é reforçado pela alta da Selic (taxa básica de juros), que deve ir a 12,75% na reunião de maio”.
Abdelmalack explica que a continuidade do conflito no leste europeu é benéfica para o Brasil: “Isso aumenta a perspectiva de um quadro inflacionário mais persistente, e faz com que a bolsa brasileira, em especial as empresas de commodities, continue sendo, aos olhos dos estrangeiros, uma boa oportunidade”, analisa.
Para a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “embora o noticiário do final de semana tenha trazido alguns poucos sinais de esperança para o fim do conflito, as tentativas anteriores sem resultado positivo deixam um ar de insegurança e cautela nos mercados nesta semana”.
A disparada da inflação global, pontua Quartaroli, é preocupante: “Há a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) poderia aumentar os juros de maneira mais agressiva”. Ela considera os comentários que os comentários do presidente da instituição, Jerome Powell, hoje e na próxima quarta-feira, terão impacto direto no dólar.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta acompanhando o preço do petróleo no mercado internacional.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 12,925% de 12,890% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,675%, de 12,580%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,210%, de 10,540% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,975% de 10,390%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Jerome Powell dizer que “a inflação está muito alta” e prometer uma ação mais dura para combatê-la.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,58%, 34.552,99 pontos
Nasdaq 100: -0,40%, 13.838,5 pontos
S&P 500: -0,04%, 4.461,18 pontos