Brasil poderá exportar hidrogênio verde a partir dos portos do Nordeste, diz ministro

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Foto: Divulgação /MME.

São Paulo – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira disse que o Brasil poderá exportar hidrogênio verde a partir dos portos do Nordeste, em entrevista a jornalistas, em Paris, na França, nesta sexta-feira, no Fórum França-Europa-Brasil.

“O porto de Ceará tem um convênio com o porto de Roterdã, que será uma grande rota para o hidrogênio verde. O Rio Grande do Norte e a governadora Fátima (Bezerra) tem se dedicado muito ao tema. Estamos implementando todas as políticas para inserir o país na transição energética, com a participação da indústria local, gerar emprego e renda.”

O ministro disse que “o Brasil tem uma missão diplomática de liderar o sul global na transição energética” e que na sua passagem pelos Estados Unidos nesta semana ele discutiu o mercado de captura de carbono. Ele também defendeu que os países industrializados “tratem o Brasil de forma mais adequada”, por sua liderança em energias limpas e descarbonização da produção energética, com relevância em etanol.

Silveira avalia que o Brasil perdeu a oportunidade de gerar conteúdo local e empregos ao importar equipamentos para a geração de energia solar fotovoltaica, que, na sua visão, poderiam ser produzidos no Brasil.

Ele defendeu o investimento em petróleo com o argumento de que o Brasil tem a matriz energética majoritariamente baseada em fontes limpas e que o fundo social financia saúde e educação. “Para exemplificar, a maior empresa mineral do Brasil, a Vale, tem a cadeia produtiva dela, que é a ‘briquetização’, que faz com ela não seja exclusivamente extrativista, feita em Omã, por que lá tem alta oferta de gás, com preço mais competitivo. Ou seja, ela não faz a parimeira fase industrial do minério de ferro no Brasil por que o país não é competitivo no gás”, acrescentou. “O país contribui muito com o mundo, como ninguém, na questão da sustentabilidade.”

Silveira disse que o Brasil quer reduzir o valor que gasta por ano para levar óleo diesel para abastecer geradoras térmicas em sistemas isolados, que está na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), e que deverá ser ‘descarbonizado’ com o uso de energias limpas. “Lançamos em Parintins, recentemente, o maior programa de descarbização do planeta. Temos 168 térmicas a óleo diesel em sistemas isolados dentro da Amazônia. Como vamos descarbonizar isso? De R$ 35 bilhões que compõem a CDE, R$ 12 bilhões são de óleo diesel. Lançamos o programa por que as energias limpas e renováveis têm potencial, especialmente a solar, e vamos começar a ‘hibridizar’ essas usinas, mantendo-as só para segurança energética, como energia firme, enquanto as baterias não alcamçam energia suficiente para poder assegurar essas comunidades”, comentou.

Ministro anuncia investimentos de R$ 500 bi da TotalEnergies no Brasil

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta quinta-feira (12) em Paris, na França, que a empresa TotalEnergies vai investir R$ 500 bilhões nos próximos quatro anos em projetos de energia no Brasil, incluindo eólica offshore e pesquisa e exploração de óleo e gás. Atualmente, a empresa é a terceira maior produtora no Brasil, com uma produção diária média de 138 mil barris de petróleo e mais de 5,9 milhões de metros cúbicos (m3) de gás natural.

“Foi uma reunião muito produtiva em que pudemos confirmar esse importante investimento de R$ 500 bilhões até 2026. Isso mostra que as empresas estão voltando a investir no nosso país, confiando na política do presidente Lula, de priorizar a geração de emprego e renda por meio das potencialidades nacionais, sempre com frutos sociais para nossa população”, destacou o ministro Alexandre Silveira.

A TotalEnergies está presente no Brasil há mais de 40 anos, empregando mais de 3.000 profissionais. Possui seis subsidiárias que atuam no país nos setores de exploração e produção de petróleo, gás, distribuição de combustíveis e lubrificantes, química, armazenamento de energia e energias renováveis.

O Ministro Alexandre Silveira segue na capital da França onde cumpre agendas bilaterais visando a atração de investimentos para o Brasil na área da transição energética. O ministro também participa nesta sexta-feira (13) do Fórum França-Europa-Brasil ESFERA Paris.

Parceria com a França em transição energética

Ainda na quinta-feira (12), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu, em Paris, na França, com a ministra de Transição Energética da República Francesa, Agnès Pannier-Runacher. Eles discutiram o estreitamento da parceria estratégica entre Brasil e França em temas relacionados à transição energética.

“Sabemos que o Brasil e a França possuem uma relação histórica no setor de energia, principalmente pela presença tradicional de empresas de energia francesas no Brasil. Infelizmente, nos últimos anos, essa relação passou por um período de estagnação, e estamos aqui para reconstruir a cooperação entre as nações”, disse Silveira.

Os dois ministros trocaram informações sobre as políticas e esforços para a transição energética. Alexandre Silveira destacou a necessidade de uma transição energética justa e inclusiva. “O nosso encontro é uma excelente oportunidade para ampliarmos investimentos no Brasil, além de desenvolvermos novas parcerias, que visem gerar mais oportunidade, emprego e renda para o nosso povo. Isso é uma determinação do presidente Lula e estamos trabalhando para que isso aconteça”, destacou.

Entre os assuntos debatidos, ficou estabelecido que será estruturada uma agenda permanente de trabalhos entre os dois países, que contemplaria diversas áreas, com destaque para a energia nuclear, tema que os países demonstraram interesse em trabalhar juntos e se aproximar ainda mais. Também foram tratadas as perspectivas para a presidência do Brasil no G20 no próximo ano e como os governos brasileiro e francês podem trabalhar não só bilateralmente, mas multilateralmente em prol de uma pauta comum.

Após a reunião com a ministra de Transição Energética da República Francesa, o ministro Alexandre Silveira também recebeu representantes de empresas do segmento nuclear como a EDF e a Framatome, além da Urano. Foram debatidas as perspectivas e as estratégias dessas empresas para o desenvolvimento de negócios em parceria com o Brasil, seja na área de energia nuclear, mineração, energias renováveis e gás natural. Também foram discutidas o reforço e a continuidade de investimentos no Brasil dessas empresas.

Nos EUA, ministro diz que Brasil manterá compra de diesel da Rússia para aliviar os preços

O Brasil continuará a importar diesel russo enquanto isso ajudar a conter os preços dos combustíveis para o consumidor brasileiro, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista à Bloomberg News, durante a sua passagem por Washington, nos Estados Unidos, na quarta-feira (11), para discutir colaboração na transição energética. Ele negou que o governo norte-americano esteja pressionando o Brasil para suspender as importações. Na sua avaliação, a atual política de preços da Petrobras protegerá o país de uma oscilação nos preços dos combustíveis, caso a guerra entre Israel e Hamas se alastre para outras nações do Oriente Médio.

“Se a importação de diesel, seja russo ou de qualquer outro país, favorecer a diminuição de preço na bomba, então não é uma preocupação”, disse Silveira.

Ele disse que existe um entendimento de que os países em desenvolvimento precisam expandir laços comerciais para se fortalecerem economicamente e combaterem a desigualdade.

O ministro também disse que a Petrobras compete com os importadores e seu plano estratégico para os próximos cinco anos terá como foco tornar o país autossuficiente na produção de gasolina e diesel. Ele explicou que a companhia leva em consideração os custos de produção doméstica no âmbito de sua nova política de preços de combustíveis, que ajudará a amortecer o impacto da volatilidade nos mercados globais de petróleo.

A Rússia consolidou sua posição como principal fornecedor do combustível para o Brasil neste ano, superando os Estados Unidos, que busca, junto com países aliados, limitar o fluxo de recursos do petróleo para a Rússia para reduzir os fundos disponíveis para a guerra na Ucrânia. O Brasil também importou petróleo e gás natural da Rússia este ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.