Bowman, do Fed, diz que levará tempo para gargalo de oferta se dissipar

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A diretora do Federal Reserve, Michelle Bowman / Foto: Fed

São Paulo – A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano, Michelle Bowman, disse que ainda deve levar tempo para os gargalos de oferta se dissiparem, em um sinal de que a inflação nos Estados Unidos pode permanecer elevada por um prazo maior.

Em texto preparado para discurso virtual, ela reconheceu que os preços deram um salto no país e atribuiu esse movimento ao processo de reabertura econômica, que desequilibrou a cadeia de abastecimento.

“O impressionante aumento da atividade econômica desempenhou um papel importante, pois gerou uma série de gargalos na cadeia de suprimentos e pressionou os preços de muitos produtos para cima”, disse.

“Essas pressões de alta sobre os preços podem diminuir à medida que os gargalos forem resolvidos, mas pode levar algum tempo, e continuarei monitorando a situação de perto e ajustarei minhas perspectivas conforme necessário”, acrescentou.

Bowman atribuiu ainda a aceleração da inflação a uma base baixa de comparação do período anterior à pandemia de covid-19 e disse que os preços devem subir ainda mais nos próximos meses.

“Como a recuperação do mercado de trabalho e os gastos com bens e serviços continuam ganhando impulso, estamos observando pressões de alta sobre os preços ao consumidor. Nos últimos meses, a inflação subiu bem acima da meta de longo prazo do Federal Reserve de 2%. Esse aumento refletiu, em parte, o fato de que os números da inflação no início da pandemia eram muito baixos. À medida que esses valores baixos saem da média de 12 meses das variações de preços, essa medida de inflação aumentou e provavelmente irá acelerar ainda mais”, afirmou.

No discurso, ela reconhece a recuperação da economia norte-americana, mas lembra que muitas pessoas ainda estão fora do mercado de trabalho.

“À medida que continuamos a ver progresso em direção à recuperação, incluindo o levantamento das restrições de distanciamento econômico e social, a economia está crescendo ao ritmo mais rápido em décadas. A economia provavelmente ultrapassou seu pico pré-pandêmico, mas mesmo com esse progresso, há mais de 10 milhões de pessoas ainda sem empregos que estão procurando ativamente por trabalho ou desde então deixaram a força de trabalho”, disse.

Segundo ela, o emprego tem se recuperado rapidamente nos setores da economia relacionados à produção e venda de bens, mas a economia de serviços tem se recuperado muito mais lentamente.