Bom humor externo faz Bolsa fechar em alta e dólar cair

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa fechou com ganho ancorado no bom humor do mercado externo. O principal indicador de desempenho de ações negociadas na B3 encerrou os negócios apontando alta de 0,58%, aos 118.313,23 pontos. A máxima do dia ficou em 118.849,75 pontos. O volume financeiro atingiu R$33,5 bilhões.

As bolsas norte-americanas terminaram o pregão em alta. O índice Dow Jones aumentou 0,17%, Nasdaq avançou 1,03% e S&P 500 subiu 0,42%.

Segundo informações de uma fonte, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) tiveram alta expressiva e fecharam em 8,27% devido ao comunicado de ontem sobre compra da Smarthint para melhorar a operação de e-commerce.

Para os analistas da Ativa Investimentos, os papéis da varejista subiram empurradas pela queda no rendimento dos títulos norte-americanos-1,6%. “As Treasuries impactam positivamente as empresas de crescimento porque possuem um valor grande no longo prazo”, afirmou.

Os papéis da Embraer (EMBR3) indicaram ganho relevante de 8,52%. Para a fonte, o crescimento da economia dos Estados Unido interfere diretamente no aumento de voos no país e com o aumento da vacinação as pessoas voltam a viajar. “A Embraer tem uma posição privilegiada”, disse.

Os analistas da Ativa Investimentos afirmam que a alta das ações da Embraer (EMBR3) deve-se à expectativa em relação ao avanço da vacinação nos Estados Unidos e a “repercussão da notícia sobre uma negociação entre a fabricante de aviões e a companhia indiana Trujet [tem plano ambicioso de expansão pelo mundo], ressalta.

O discurso de presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) Jerome Powell impactou positivamente no índice no início da tarde. Para Bruno Komura, estrategista de renda variável da Ouro Preto investimentos, “a mensagem de Jerome Powell foi reforçada com dados”, afirma.

O estrategista disse que “embora o dado do pedido de auxílio de desemprego nos Estados Unidos tenha saído maior que o esperado, o mercado está interpretando como um bom sinal porque corrobora a tese o Fed”, afirma. Os pedidos de seguro desemprego subiram de 61 mil na semana encerrada em 27 de março, para 719 mil.

A autoridade do banco central dos Estados Unidos disse que é necessário continuar dando estímulos à economia, seja por meio de juros baixos ou compra de ativos, conclui Komura.

No Brasil seguem as incertezas mesmo após o jantar entre Bolsonaro e empresários nesta quarta-feira. “O mercado continua bastante cauteloso porque o orçamento de 2021 ainda não foi resolvido e existe muito pressão para que se resolva logo”, disse.

O dólar comercial fechou em queda de 1,27% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5740 para venda, influenciado pelo exterior em meio ao ambiente mais positivo para as moedas de países emergentes reagindo à postura acomodatícia reiterada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Aqui, um diretor do Banco Central (BC) confirmou que a taxa Selic subirá 0,75 ponto percentual (pp) em maio, magnitude já contratada pela autoridade monetária na ata da última reunião, no mês passado.

O economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, reforça que o exterior foi o “principal driver” para sustentar a queda do dólar no mercado doméstico com o Fed mantendo uma perspectiva “dovish” (suave) em relação à política monetária, o que influenciou na queda dos rendimentos dos juros futuros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries. O título de 10 anos (T-Note) operou abaixo de 1,65% ao longo da sessão.

Além do exterior, aqui, as falas do diretor de política econômica do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, sobre a taxa Selic durante um evento promovido pelo BNY Mellon, corroboraram para a queda mais intensa da moeda no início da tarde, quando renovou mínimas abaixo de R$ 5,54.

Kanczuk afirmou que a autoridade monetária promoverá mais uma alta de 0,75 ponto pp na taxa básica de juros na próxima reunião, no mês que vem. “A percepção de risco reduziu e isso aumentou a demanda por real em relação ao dólar”, acrescenta Jaconeli.

Amanhã, na agenda de indicadores, os destaques ficam para os números da inflação doméstica, em março, no qual o Termômetro CMA aponta alta de 1,00% ante fevereiro. Para o economista da Nova Futura, os dados não devem influenciar no preço dos ativos locais já que o mercado espera uma aceleração do IPCA em base mensal e no acumulado em 12 meses.

Ele aposta que após a queda na sessão e em boa parte da semana, a moeda tem espaço para uma correção na véspera do fim de semana.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda, acompanhando o recuo acentuado do dólar. O fechamento das taxas acentuou-se ao longo de toda a curva, levando a um achatamento nos vértices.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,66%, de 4,70% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,420%, de 6,635%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,11%, de 8,30% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,75%, de 8,91%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações norte-americanos terminaram o dia em tom positivo, com o S&P 500 renovando máxima no fechamento ajudado pelo avanço das empresas de tecnologia à medida que o mercado de dívida se acalma, diminuindo as preocupações sobre as avaliações dos papéis de alto crescimento.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,17%, 33.503,57 pontos

Nasdaq Composto: +1,03%, 13.829,30 pontos

S&P 500: +0,42%, 4.097,17 pontos