Bolsa sobe puxada por bancos e varejistas; sem acordo comercial, cautela segue

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa subiu pelo quarto pregão consecutivo, com ganhos de 0,45%, aos 104.301,58 pontos, impulsionado pelas ações de bancos e de varejistas, apesar do sentimento de cautela no cenário externo, com investidores aguardando mais detalhes sobre o acordo comercial entre China e Estados Unidos, anunciados na última sexta-feira.

O dia ainda foi de liquidez reduzida em função do feriado de “Columbus Day” nos Estados Unidos, embora as bolsas do país tenham funcionado. O volume total negociado hoje foi de R$ 10,7 bilhões.

“A notícia de um acordo foi muito positiva, mas ainda não trouxe uma mudança de quadro suficiente para que o Ibovespa ultrapasse os 105 mil pontos”, disse o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti. Ele destaca que apesar das falas do presidente norte-americano, Donald Trump, o mercado quer ver o acordo assinado de fato e que possa envolver mais áreas.

As informações divulgadas até o momento indicam que a China prometeu comprar mais produtos agrícolas dos Estados Unidos que, em contrapartida, não elevarão de 25% para 30% a alíquota de importação sobre US$ 250 bilhões em produtos chineses – como estava previsto para ocorrer nesta segunda-feira. No entanto, a China ainda disse que precisava ter mais discussões antes de assinar a primeira fase do acordo comercial, de acordo com uma reportagem de hoje na “Bloomberg”.

As dúvidas sobre o acordo fizeram as bolsas norte-americana fecharem em leve baixa, mas, no Brasil, as ações de bancos tiveram um dia positivo e ajudaram o índice a subir, depois de ter oscilado pela manhã. É o caso das ações do Itaú Unibanco (ITUB4 1,68%) e do Bradesco (BBDC4 1,41%).

Já entre as maiores altas do Ibovespa ficaram ações de varejistas, como do Magazine Luiza (MGLU3 2,74%), B2W (BTOW3 1,89%) e da Multiplan (MULT3 2,18%), além dos papéis da Gol (GOLL4 2,74%).Na avaliação do analista da Guide, Rafael Passos, investidores começam a olhar para a proximidade do início da temporada de balanços, na expectativa de que algumas empresas continuem a apresentar bons resultados em meio a melhores condições macroeconômicas. No caso do setor de varejo, a liberação do FGTS e um possível aumento do crédito ainda podem beneficiar.

Com a agenda de indicadores esvaziada amanhã, investidores devem continuar de olho no noticiário em torno do acordo comercial. “Estamos vendo alguns pregões seguidos de alta, o que pode fazer com que ocorra alguma realização de lucros, mas continuamos com uma tendência de alta no curto prazo”, disse ainda o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.

O dólar comercial fechou em alta de 0,75% no mercado à vista, cotado a R$ 4,1270 para venda em meio aos dados abaixo do esperado da balança comercial da China refletindo os impactos da guerra comercial travada com os Estados Unidos, além das incertezas em torno do acordo parcial fechado entre os países na sexta-feira. A sessão foi de poucos negócios com o feriado nos Estados Unidos que paralisou os negócios de renda fixa.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme França, destaca a preocupação dos investidores com a desaceleração da economia global, principalmente, após os dados “ruins” da balança comercial da China, com as exportações registrando queda de 3,2% em setembro na comparação com o ano anterior, ante recuo de 1,0% em agosto. Já as importações caíram 8,5% na mesma base de comparação, ante queda de 5,6% de agosto. A previsão do mercado era de quedas de 3,0% e de 6,0%, respectivamente.

“Além das dúvidas que seguem envolvendo a trégua comercial entre os norte-americanos e os chineses. A alta de hoje também foi ajudada por um movimento de saída de fundos estrangeiros, que com a possibilidade de um corte mais agressivo na taxa básica de juros [Selic], estes fundos têm deixado o Brasil e indo para países com maior rentabilidade como o México”, acrescenta.

Amanhã, na agenda de indicadores, tem os índices de preços ao consumidor e de preços ao produtor da China que podem influenciar no movimento do mercado a depender do resultado, diz o diretor de uma corretora estrangeira.

Já o diretor de câmbio do Ourominas, Mauriciano Cavalcante, ressalta que a pauta política voltará e poderá trazer novidades quanto ao andamento da reforma da Previdência.