Bolsa sobe na véspera do feriado, com commodities e à espera da PEC da Transição

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Foto: Wagner Magni / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia consecutivo, em véspera de feriado da Proclamação da República, com o apoio das ações ligadas às commodities e em meio ao debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.

Está prevista para quarta-feira (16), a apresentação do texto da PEC pela equipe do governo eleito. Hoje, técnicos do Tesouro divulgaram uma proposta para flexibilizar o teto de gastos. O aumento das despesas se daria conforme o nível e a trajetória da dívida pública.

O principal índice da B3 subiu 0,80%, aos 113.161,28 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro registrou 0,28%, aos 114.095 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e da Vale (VALE3) fecharam em alta de 2,76% e 2,63% e 1,22%. As ações da Embraer (EMBR3) ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa, de 6,10%, repercutindo os dados do balanço no 3T22. A companhia fabricante de aviões registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 93,8 milhões, uma queda de 47,8% ante ao rombo alcançado de R$ 179,7 milhões no mesmo período do ano passado.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que a melhora performance da Bolsa perto do fechamento deve-se à PEC da Transição. “As intenções do governo eleito Lula em estourar o teto de gastos precisa de uma aprovação maior dentro Centrão e isso não foi aprovado no curto prazo; se for autorizado será em 2023. O mercado se tranquilizou em relação ao estourou do teto de gastos e considerou uma boa notícia”.

Um analista de uma grande gestora de investimentos disse que na segunda metade do pregão, os destaques do índice ficam para os peso-pesados como Petrobras e vale. “Petro avança demonstrando que não vai acontecer nada com os dividendos; a Vale é beneficiada com a notícia de que China se compromete a ajudar as construtoras”.

No último dia 3, o conselho de administração da estatal aprovou a distribuição de dividendos de aproximadamente R$ 44 bilhões, o que causou controvérsia na equipe do novo governo eleito.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que a Bolsa avançou impulsionada pelas altas de vale e Petrobras e “as empresas de varejo cresceram em virtude da proximidade com as datas festivas de fim de ano e da recuperação da semana passada; o setor se beneficia da queda de juros futuros”.

Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que parece que o Congresso não vai dar cheque em branco para o novo governo. “Isso ainda significa gastos que não tem contrapartida, implica juros mais altos e explosão das contas públicas; o teto de gastos está ameaçado em todas as pontas e em todos os lados; o mercado fia no compasso de espera enquanto não tiver um ministro da fazenda”

O operador de renda variável da Manchester Investimentos explicou que a Bolsa não vai ter um fluxo comprador enquanto “não tiver uma reversão de notícias, o momento é de compasso de espera”. E acrescentou que “a gente pode entrar na lateralização do Ibovespa”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,303 para venda, com desvalorização de 0,41%. O dia foi de baixa liquidez e muita volatilidade, devido ao feriado de amanhã. Os investidores aguardam novidades sobre a PEC da Transição.

Segundo a economista Fernanda Mansano, o texto da PEC pode ser apresentado nesta semana. “A equipe econômica ainda discute se o Bolsa Família será fora do teto e de forma definitiva ou não”, disse.

“O Centrão já começou articular possíveis travas às demandas do governo eleito, trazendo toda a sorte de promessas de campanha na PEC de transição e tentando retirar o auxílio Brasil das contas do teto”, afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Além disso, a diminuição de bloqueios na China, contra a Covid-19, é boa notícia ao mercado. Certo otimismo com inflação nos EUA e menores restrições na China na semana passada impulsionaram Ibovespa e derrubaram o dólar, embora receio externo e interno amenize melhora, afirmou a startup Swap Câmbio & Capitais Internacionais, em relatório.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, em ajuste após semana de alta volatilidade. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,698% de 13,728% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,750%, de 13,920%, o DI para janeiro de 2025 ia a 13,010%, de 13,305% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,790% de 13,200%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,2960 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, com Wall Street aguardando os balanços do terceiro trimestre das principais varejistas norte-americanas, buscando avaliar os caminhos para a economia do país.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,63%, 33.536,70 pontos
Nasdaq 100: -1,12%, 11.196,2 pontos
S&P 500: -0,89%, 3.957,25 pontos

Com Dylan Della Pasqua, Pedro de Carvalho e Darlan de Azevedo / Agência CMA.