São Paulo- A Bolsa fechou em alta e recuperou mais de 3 mil pontos na sessão de hoje, após o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) desconsiderar a possibilidade de uma elevação na taxa de juros em 0,75 ponto porcentual (pp) e sinalizar aumento de 0,50 pp para a próxima reunião de junho.
O Ibovespa teve dois momentos na sessão de hoje; queda no índice até a decisão do banco central norte-americano e elevação após a coletiva de Jerome Powell. Os investidores ficaram apreensivos em relação ao encontro e a fala animou o mercado.
Ademais do Fed, agora dos investidores aguardam o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), após o fechamento do mercado, em que o colegiado deve aumentar a taxa de juros em 1 pp, passando para 12,75% ao ano (aa). No Brasil o ciclo de alta de juros encontra-se em momento diferente dos Estados Unidos, enquanto estamos terminando, lá fora está no início.
Vale destacar entre as ações de hoje a da Petrobras (PETR3 e PETR4) que subiram mais de 6% com a alta do petróleo no mercado internacional e a expectativa de um resultado positivo, que será divulgado amanhã após o fechamento. A companhia pode anunciar o primeiro provento referente ao 1T22.
O principal índice da B3 subiu 1,70%, aos 108.343,74 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 1,84%, aos 109.775 pontos. O giro financeiro era de R$ 32 bilhões. Nos Estados Unidos, as bolsas operavam em alta.
Maurício Carlos Machado, head de renda variável da Speed Invest comentou que o aumento de 0,50 pp veio dentro do esperado pelo mercado, mas “o mais importante foi a fala do Powell que afastou a possibilidade de uma elevação de 0,75 pp nos juros do país, o que alterou o movimento de aversão ao risco do mercado local e das bolsas norte-americanas imediatamente”.
O head de renda variável da Speed invest disse que se não acontecer nenhuma surpresa e a inflação começar a caminhar como o Fed espera, “provavelmente serão dois aumentos de 0,50 pp nas próximas duas reuniões do Fed e depois elevações menores. Mas o equilíbrio que é a preocupação; como o Fed vai conseguir trazer a inflação de volta para a meta sem sacrificar tanto a economia”.
Além dos juros, o Fed vai começar a diminuir o balanço em US$ 47,5 bilhões durante três meses, depois vai ampliar a redução.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe, disse que o mercado reagiu positivamente à fala de Jerome Powell “que colocou na mesa o aumento de 0,50 pp nas próximas reuniões e descartou 0,75pp como foi cogitado no mercado”.
Roberto Coutinho, gestor de fundos e fundador da Escola da Fortuna, disse que o mercado recebeu bem a alta da taxa de juros, mas considera um ponto “delicado e que deve contribuir ainda mais para agitar o mercado acionário global é a decisão do Fed de desinchar o balanço de ativos. Essa venda pode contribuir para pressionar ainda mais a desvalorização dos preços das ações”. O balanço patrimonial do banco supera os US$ 9 trilhões e a expectativa é de que haja uma dedução para o equivalente a 31% do PIB”.
Mais cedo, Rodrigo Natali, estrategista-chefe da Inversa Investimentos, disse que se o Fed confirmar o aumento de 0,50 pontos porcentuais (pp) pode aliviar as bolsas lá fora e aqui dentro, mas agora o que estressa a Bolsa está mais relacionado ao cenário doméstico. “O mercado está temeroso com as pautas que devem ir para o Congresso e impactar o fiscal”.
Uma das pautas é a votação da lei que estabelece piso mínimo para o setor de enfermagem, no valor de R$ 4.500,00 e, segundo informação do Ministério da Saúde, o impacto no orçamento com a aprovação deve chegar a R$ 23 bilhões para este ano e R$ 24,9 bilhões para 2024.
Natali comentou que apesar de a questão fiscal estar latente há um tempo, o mercado estava ignorando, mas “agora diante de um cenário ruim qualquer notícia pode fazer o mercado piorar”. Natali destacou que com o ambiente macroeconômico atual, “vale mais a pena ter na carteira as exportadoras do que as smalll caps, que acabam sofrendo com os juros mais altos, conjuntura política e fiscal mais complicada”. O dólar comercial fechou em R$4,9030, com queda de 1,22%. A moeda norte-americana, que subiu durante toda a sessão, virou após a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, descartando aumentos futuros de 0,75 pontos percentuais (pp) nas próximas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). A instituição anunciou, hoje, elevação de 0,5 pp nas taxas de juros, ficando na faixa entre 0,75% e 1,00%.
Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “não houve nenhuma grande surpresa. A única novidade foi a incorporação da questão chinesa, com os lockdowns que afetam as cadeias produtivas, como mais um viés de alta inflacionária”.
Leal avalia, contudo, que a fala de Powell trouxe alívio: “O mais importante é que na entrevista o Powell tirou da mesa um aumento de 0,75 pp nas próximas reuniões e isso fez com que os ativos melhorassem”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) passaram a operar em forte queda após fala de Jerome Powell, presidente do Fed, em que ele sinalizou que um aumento de 0,75 p.p na taxa de juros dos EUA não está sendo considerado no momento.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,045% de 13,120% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,595%, de 12,685%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,075%, de 12,170% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,925% de 12,005%, na mesma comparação.
Os principais índices de mercados de ações norte-americanos fecharam a sessão com forte alta, com a Nasdaq subindo 3,18%, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, dizer que não considera um aumento de 0,75% na taxa básica de juros para combater a inflação.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +2,81%, 34.061,06 pontos
Nasdaq 100: +3,19%, 12.964,9 pontos
S&P 500: +2,98%, 4.300,17 pontos
