Bolsa sobe com aumento do apetite ao risco; dólar valoriza

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São Paulo – O Ibovespa fechou em alta pela terceira sessão seguida em um dia no qual prevaleceu a retomada do apetite por risco tanto no exterior quanto no cenário local. O índice chegou a testar a faixa dos 120 mil pontos nas máximas do pregão, mas sem conseguir se firmar. Diante disto, o Ibovespa fechou em alta de 1,25%, aos 119.724,72 pontos.

A bolsa brasileira avançou em um dia no qual os resultados trimestrais positivos de gigantes como Amazon e Alphabet e a expectativa de novos estímulos à economia dos Estados Unidos impulsionam os ativos de risco nos mercados financeiros internacionais. “Além de resultados corporativos positivos, a expectativa de um grande pacote fiscal nos EUA, a tração que as vacinas vêm ganhando no mundo desenvolvido e o arrefecimento global da pandemia parecem estar dando suporte ao humor global a risco”, observou Dan Kawa, sócio-diretor da TAG Investimentos.

Na cena local, o apetite por risco no exterior ganhou a companhia de uma atenuação dos riscos políticos e fiscais depois da eleição de Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Câmara dos Deputados e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para o Senado Federal. Já a notícia de que o governo de São Paulo vai flexibilizar a quarentena impulsionou as ações das administradoras de shopping centers.

Em Brasília, a vitória dos aliados do presidente Jair Bolsonaro sepulta o risco de instalação de um processo de impeachment contra ele em um momento no qual a condução negacionista da pandemia abala a imagem do governo e remove obstáculos para que o governo implemente reformas e privatizações exigidas pelos agentes dos mercados financeiros no decorrer dos próximos dois anos.

As votações do Orçamento de 2021 e da PEC Emergencial são consideradas prioritárias. Analistas consideram que, se aprovadas, ambas as medidas permitiriam remanejamento de recursos de modo a abrir espaço para ações como a retomada do auxílio emergencial sem comprometer o teto de gastos. “A expectativa é de que logo mais Paulo Guedes entre em cena anunciando uma pauta a ser alinhada com o Congresso”, afirma Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.

O dólar comercial fechou em alta de 0,28% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3690 para venda, em sessão de forte volatilidade com investidores calibrando o otimismo local em meio à expectativa de andamento da agenda de reformas, após os novos presidentes da Câmara dos Deputados (Arthur Lira) e do Senado (Rodrigo Pacheco) declararem, em documento, que o Congresso está comprometido com as pautas econômicas e que pretendem respeitar o teto de gastos. Lá fora, incertezas em torno do pacote de estímulo fiscal norte-americano pesou nos mercados.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca que o movimento baixista da moeda na primeira parte dos negócios foi influenciado pelo otimismo local, já que o mercado doméstico está “esperançoso” de que a agenda econômica do país avance com a nova composição do Congresso.

Enquanto que, à tarde, a moeda estrangeira passou a ganhar valor, chegando a se aproximar dos R$ 5,40, motivado pelo “impasse” nas negociações de novos estímulos fiscais nos Estados Unidos. “O presidente Joe Biden descarta a possibilidade de reduzir a proposta do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão de dólares para cerca de US$ 600 bilhões de dólares”, reforça.

Para o analista da Toro Investimentos, Daniel Herrera, o bom humor doméstico deve “durar” mais alguns dias, e deve refletir na baixa da moeda amanhã, na abertura dos negócios. “E a região de R$ 5,50 parece estar muito vendedora. Já testou três vezes e voltou a cair”, diz, acreditando que a divisa norte-americana deverá seguir abaixo de R$ 5,40 enquanto o investidor local segue otimista.

Em meio à agenda de indicadores mais fraca, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, diz que vê um movimento mais lateral do dólar. “Estamos em um patamar que a moeda tende a ficar em movimento de lateralidade por aqui. O fluxo mais positivo para bolsa [de valores, a B3] tem diluído um pouco a pressão em cima do dólar. E com as indefinições vindas do Congresso, neste início de mandatos nas casas, o mercado tende a esperar para dar novos passos”, avalia.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) ficaram de lado, sem viés único, acompanhando a volatilidade do dólar comercial ao longo da sessão e calibrando o otimismo doméstico na expectativa de avanço da agenda de reformas estruturais após os novos presidentes da

Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reforçarem o compromisso do Congresso com as pautas econômicas, além da promessa de respeitar o teto de gastos.

Ao fim da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,345%, de 3,33% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetou taxa de 4,785%, de 4,815% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 fechou em 6,20%, de 6,22%; e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,88%, de 6,89%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam em alta, com exceção do Nasdaq, conforme Wall Street vai deixando para trás um movimento especulativo que começou com as ações da varejista de videogames GameStop e que culminou na super valorização da prata.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,12%, 30.723,60 pontos

Nasdaq Composto: -0,02%, 13.610,50 pontos

S&P 500: +0,10%, 3.830,17 pontos