Bolsa interrompe sequência de queda e fecha em alta com Vale, Petrobras e exterior; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa teve um dia de alívio, interrompeu cinco sequência de queda e fechou em alta puxada pela Vale (VALE3) e Petrobras (PETR 3 e PETR4), ações de peso no índice, e com um sentimento mais positivo no exterior. Na máxima do dia chegou a atingir o patamar dos 114 mil pontos.

A Vale (VALE3) subiu 2,28% e CSN Mineração avançou 2,70%. Petrobras (PETR 3 e PETR4) fechou com alta de 1,53% e 1,49%. Alpargatas (ALPA4) liderou os ganhos em 5,24%.

Na ponta negativa, os destaques ficaram para Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), que caíram 6,62% e 3,77%. Suzano (SUZB3) recuou 3,47% com a desvalorização do dólar.

O principal índice da B3 subiu 0,86%, aos 113.761,90 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro aumentou 0,82%, aos 115.535 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

No final do pregão, as ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) dispararam e uma fonte de uma grande gestora disse que foi a notícia de que quatro conselheiros da estatal dos 11, que representam os sócios minoritários, votaram contra a proposta de mudança do estatuto social da empresa apresentada ontem.

Fabio Louzada, analista CNPI e fundador da Eu me banco, disse que a Bolsa tem um dia mais positivo com a alta de Vale e Petrobras, ações de peso no índice.

“A valorização do minério de ferro impulsiona ações do setor para cima. Com isso, além de Vale, Usiminas e CSN Mineração também avançam. E Petrobras sobe após a queda de ontem com o comunicado sobre mudanças na indicação de gestores e reserva de remuneração de capital. Lá fora, as bolsas americanas também se recuperam de quedas recentes”.

Louzada observou que mesmo com a queda do petróleo, a 3R Petroleum sobe “depois de a empresa afirmar que Goldman Sachs passou a deter quase 5% do capital social da petroleira. E o setor de companhias aéreas se beneficia com a queda do petróleo. Já Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) vêm há um tempo registrando altos endividamentos e, com isso, muitos investidores têm fugido dos papéis, que têm perdido cada vez mais valor”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que as commodities e setor financeiro impulsionam a Bolsa.

“Com a Vale, Petrobras e bancos subindo na sessão de hoje corroboram para um Ibovespa mais forte; as metálicas estão com destaque mais forte e a Petro está com mais dificuldade de pegar tração após o comunicado de ontem [ a estatal tem uma proposta de mudança do estatuto]; parece que os conselheiros negaram essa proposta e deu um respiro, mas não é oficial ainda e mesmo que essa proposta não vingue é muito ruim; o JP Morgan acabou de elevar o preço-alvo do ativo, mas deixou o ativo como neutro porque a aumentou a percepção de risco; a Vale subiu com a alta do minério de ferro e a ação está bem descontada; Petro ganhava fluxo do investidor estrangeiro e agora com a notícia de ontem e o patamar em que se encontra, o fluxo pode ser limitado e direcionado pra Vale com melhora de China e minério; companhia aéreas estão vindo na retomada após covid”.

Mota acrescentou que o mercado fica de olho na Petrobras. “Na quinta-feira sai relatório de produção sem PPI [preço de paridade de importação] para ver como está funcionando a estatal e até o final do ano a empresa vai divulgar o projeto de novos investimentos e isso vai impactar a distribuição”.

Em relação aos PMIs dos EUA, o operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o resultado é bom pois sugere que não tem falta de crescimento e demanda global, mas ruim porque mostra que a economia está forte e pode dar tranquilidade para Powell dar aumento de juros.

Mais cedo, nos Estados Unidos, os índices de gerentes de compras (PMI, sigla em inglês) vieram melhores que o esperado. O PMI sobre a atividade do setor de serviços subiu para 50,9 pontos em outubro, de 50,1 em setembro, e ficou acima das expectativas dos analistas- 49,9 pontos. O PMI sobre a atividade industrial aumentou para 50,0 pontos em outubro, de 49,8 em setembro, contra a previsão do mercado de 49,3 pontos.

Um analista de um grande banco disse que a Vale e o exterior ajudam na recuperação da Bolsa. “O minério de ferro subiu em Dalian ajudando as empresas de commodities no Ibovespa, que avançam mais que seus pares em Londres. O peso que a Vale tem impulsiona o índice; lá fora também está melhor”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,46%, cotado a R$ 4,9928. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o intenso fluxo estrangeiro na bolsa, além da valorização das commodities, especialmente o minério de ferro e as agrícolas.

Segundo o diretor de gestão da Nova Futura Investimentos, Christian Lupinacci, o fluxo de moeda estrangeira e a perspectiva de uma Selic (taxa básica de juros) ainda elevada no final de 2024 – que deve manter o diferencial de juros brasileiro e fortalecer o carrego – fazem com que o real respire.

Lupinacci também entende que caso a atividade siga aquecida, o mercado deve fazer vistas grossas para a parte fiscal.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “os dados da economia dos Estados Unidos mostram resiliência da atividade, o que mantem os juros pressionados”.

Abdelmalack entende que o “pano de fundo fiscal norte-americano é muito delicado”, e não vê perspectivas, a curto prazo, de fechamento da curva de juros.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em queda, seguindo o alívio nos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano).

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,126% de 12,132% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,945% de 11,050%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,820%, de 10,905%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,010% de 11,165% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, enquanto os investidores se concentravam em uma nova lista de balanços corporativos do último trimestre, e os traders monitoravam os últimos movimentos nos rendimentos do Tesouro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,62%, 33.141,38 pontos
Nasdaq 100: +0,93%, 13.139,9 pontos
S&P 500: +0,72%, 4.247,68 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA