Bolsa fecha mais um dia em queda pressionada por commodities; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fecha em queda pelo quatro pregão consecutivo, aos 108.959,30 pontos, e em mais um dia pressionada pelas commodities com a preocupação com novos casos de covid-19 na China e o impacto global e em meio ao cenário de incerteza na Ucrânia. O petróleo fechou abaixo dos US$ 100 o barril.
Os investidores ficam à espera amanhã (16) da decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos. O consenso do mercado é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) suba os juros para 1 ponto porcentual (pp) e o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) eleve a taxa para 0,25 pp.
O principal índice da B3 caiu 0,88%, aos 108.959,30 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 1,08%, aos 109.575 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
As ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram respectivamente 2,87%; 1,86% e 2,41%.
Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, disse que as commodities estavam segurando a Bolsa recentemente e agora “com a China fechando regiões por temor a uma nova onda de covid impactou do preço das commodities e afeta o Ibovespa”.
Em relação à Petrobras, o sócio da Finacap Investimentos comentou que ainda não vê ingerência na estatal, apenas o governo tenta dar subsídios via contas públicas. “Mas existe esse risco [ingerência] e está no preço porque a Petrobras sempre tem desconto em relação a seus pares devido à essa ingerência política”. O fluxo de capital estrangeiro segue grande em commodities e “é muito possível que haja um rebalanceamento entre os investidores focados em mercados emergentes com realocação de Rússia para Brasil”.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, comentou que a Bolsa cai puxada por Vale e Petrobras refletindo os possíveis “embargos que podem acontecer por parte dos Estados Unidos para a China se o país ajudar a Rússia. Essa sanção prejudica o crescimento do país, gera um efeito cascata e afeta os principais exportadores como a Vale”.
O head de renda variável da Diagrama Investimentos, afirmou que as ações da Petrobras são afetadas pela queda do petróleo, interferência no controle de preços dos combustíveis aqui e uma possível troca de gestão da estatal. “Essa interferência com a sugestão de diminuir a margem de lucro da petrolífera para subsidiar alguns tipos de combustíveis e aumentar o Auxílio Brasil pode causar problema no fiscal e causa preocupação dos investidores”.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que o recuo do Ibovespa é atribuído à perda do petróleo e minério de ferro no mercado internacional. “As commodities são um dos maiores motivos de queda da Bolsa-Petrobras caindo e Vale-a nossa maior ação perde mais de 4%, além de siderurgia”.
O analista da Top Gain também comentou que com a perspectiva da alta de juros amanhã (15) “consequentemente acaba afetando a Bolsa com a queda dos setores de construção, varejo, uma vez que o empréstimo fica mais caro”.  O cenário de Bolsa para baixo e dólar para cima mostra “a precificação de aumento de taxa de juros, conflitos, balanço de Magazine Luiza e commodities”.
Além das commodities, a queda de Magazine Luiza (MGLU3) pesa no índice após balanço negativo-reportou prejuízo ajustado de R$ 79 milhões do 4T21. Segundo José Costa Gonçalves da Codepe Corretora, “As lojas físicas não acompanharam as vendas virtuais e a empresa sofreu muito com a concorrência”. Em julho do ano passado, Magazine Luiza (MGLU3) era cotada a R$ 24,00 e agora está em R$ 4,87. “Uma desvalorização expressiva”. As ações da empresa de consumo fecharam em queda de 8,63%.
O dólar comercial fechou em alta de 0,80%, cotado a R$ 5,1600. A moeda norte-americana foi beneficiada pela expectativa no aumento dos juros dos Estados Unidos, além da queda global no preço das commodities.
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “o dólar está perdendo das moedas emergentes, mas ganha do real. Vejo isso como um ajuste técnico devido à valorização expressiva das últimas semanas”.
Rosa acredita que isso também é reflexo do iminente aumento dos juros nos Estados Unidos, tornando os emergentes menos atrativos, assim como a reprecificação mundial das commodities.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “desde janeiro, o fluxo tinha justificado a valorização do real, mas agora começamos a entrar em um momento de incertezas”. A economista acredita que amanhã o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve anunciar um aumento gradual nos juros, mas na reunião de maio a postura deve ser mais agressiva, além das paralisações industriais na China, que são um novo elemento neste cenário de incertezas.
Mascaradas durante os primeiros meses do ano, as incertezas fiscais voltam a incomodar: “As contas públicas estão novamente gerando preocupações, com medidas populistas do governo”, ressalta Abdelmalack.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta terça-feira (15), acompanhando o preço do petróleo e recuperação das moedas dos emergentes.
O DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 13,120% de 13,275% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,930%, de 13,210%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,430%, de 12,680% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,250% de 12,500%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em campo positivo, com a Nasdaq subindo 2,92%, à medida que os preços do petróleo seguiram mais um dia de queda livre, abaixo de US$ 100, e uma leitura da inflação no atacado mais suave do que o esperado.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,82%, 33.544,34 pontos
Nasdaq 100: +2,92%, 12.948,6 pontos
S&P 500: +2,14%, 4.262,45 pontos