Bolsa fecha em queda pelo 4º dia seguido com conflito Israel-Irã e questão fiscal; dólar encerra a R$ 5,18

120
Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa fechou em queda pelo quarto pregão seguido em linha com o exterior devido à preocupação de uma escalada do conflito entre Israel e Irã e com a questão fiscal, após a declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre mudança da meta de resultado primário de 2025.

Na sessão de hoje a Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR3 e PETR4), ações de peso no índice, não conseguiram ajudar a alavancar o Ibovespa.

O ministro da Fazenda disse em entrevista à GloboNews que a meta para o ano que vem será zero.

As ações da Vale (VALE3) subiram 0,58% e as da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 1,46% e 0,95%.

O principal indicador da B3 caiu 0,48%, aos 125.333,89 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 0,48%, aos 125.335 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa passou a firmar queda seguindo com o exterior e preocupação com a questão fiscal.

“A piora externa impactou aqui com o temor entre a tensão entre Israel e Irã e a fala do Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad]. Ele disse que o superávit [primário] de 0,5% [do PIB] para 2025 não vai ocorrer e agora a gente vai ter uma meta fiscal de zero, ou seja, o governo não vai ter nem déficit e nem superávit. O mercado viu isso mal porque o governo não está conseguindo gerar receita para cobrir os gastos que estão sendo criados. Ficar de olho quais serão as metas fiscais para os próximos anos”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o ataque do Irão a Israel gerou tensão, mas foi dissipada durante o domingo. O fiscal no radar.

“Como não houve retaliação por parte de Israel, o mercado se acalmou. O petróleo é o melhor termômetro para a gente sentir a tensão global; a alta do minério beneficia a Vale e aqui a preocupação com o fiscal é o grande drive, vamos acompanhar a divulgação da meta fiscal [para 2025 em coletiva do Ministério do Planejamento e Orçamento. Aparentemente o mercado não espera coisa boa. Na sexta-feira [19] tem reunião do Conselho da Petrobras e as treasuries de 10 ano estão subindo quase 12 bps desde a manhã, mas se intensificou com o dado de vendas no varejo subiu 0,70% contra expectativa de 0,30%. Essa semana tem vencimento de índice futuro e acaba contratando volatilidade para o mercado”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,19%, cotado a R$ 5,1826 em dia de forte aversão ao risco com o mercado cauteloso com a possibilidade de aumento do embate entre Israel e Irã e apostando para um corte nos juros americanos em setembro. A moeda estrangeira oscilou entre a máxima de R$ 5,2149 e mínima de R$ 5,1039.

Hoje saiu mais um dado forte nos Estados Unidos, as vendas no varejo de março subiram 0,70% contra projeção de 0,30%.

Julio Hegedus Netto, economista JHN Consulting, disse que “todos os ativos estão subindo, incluindo as commodities, com a piora do cenário geopolítico. Preocupa o envolvimento de Rússia, China e Estados Unidos no conflito”.

Netto ressaltou que crescem as apostas para os cortes dos juros americanos em setembro e isso contribui para o aumento do risk-off.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, também ratificou que “houve uma mudança de expectativas para o início do corte dos juros, nos Estados Unidos, para setembro”.

Komura observou que com os dados de vendas no varejo em março, nos Estados Unidos, acima das expectativas, reforçou a tese de início do ciclo em setembro.

O analista da Potenza afirmou que a tensão geopolítica agrava este cenário de incertezas e, em menor escala, o quadro doméstico também contribui para a depreciação do real.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta na sessão de hoje com o temor dos investidores com o aumento da tensão entre Israel e Irã, os dados mais fortes de vendas no varejo nos Estados Unidos e as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a meta fiscal do ano que vem.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,140%, de 10,045% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,395 de 10,750%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,735%, de 10,535%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,680% de 10,855% na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, enquanto os juros dos Treasuries avançam – com impacto especial nas ações de tecnologia – e os investidores se concentram nas repercussões do ataque do Irã a Israel e na continuação da temporada de balanços.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,65%, 37.735,11 pontos
]Nasdaq 100: -1,79%, 15.885,0 pontos
S&P 500: -1,20%, 5.061,82 pontos

 

Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News