Bolsa fecha em queda pelo 3º dia com Vale e setor financeiro; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda em uma sessão em que chegou a cair mais de 1% pressionada pela Vale e setor financeiro. Nem mesmo o movimento positivo das bolsas em Nova York ajudou o Ibovespa.
Somado a isso, a inflação global, menor crescimento das economias, alta de juros em meio à guerra e lockdowns na China preocupam os investidores.
O principal indicador da B3 perdeu de 0,54%, aos 115.056,66 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho caiu 0,59%, aos 116.920 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,1 bilhões.
As ações da Vale (VALE3) caíram 3,19%, a R$ 87,68 devido à correlação forte que tem com o minério de ferro. O país asiático tenta conter o preço da produção de aço, na composição tem minério de ferro, para segurar a inflação.
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, afirmou que o movimento mais negativo na sessão de hoje é atribuído às commodities, com destaque para a Vale “com a sinalização da China de que vai produzir menos aço, o que significa menor crescimento e impactou preço do minério de ferro e petróleo”. As exceções ficam por conta da Usiminas (USIM5), subiu 1,94% com a expectativa do resultado de balanço de amanhã (20) e os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram-1,72% e 3,02%- com um movimento de correção da véspera. “Ontem o BNDES ia fazer uma venda grande no mercado e impactou as ações. Como não vai acontecer agora e sim mais adiante, os papéis acabaram subindo”.
Os papéis dos bancos caíram na sessão de hoje com um movimento de compra e venda de estrangeiros. O analista da Ouro Preto Investimentos não enxerga uma perspectiva muito positiva para o setor devido ao aumento da inadimplência, “o mercado tem muita preocupação diante desse fator, apesar da Febraban dizer que o crescimento dos bancos será robusto”.
Os papéis do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e Itaú (ITUB4) perderam 1,76% e 1,26% e 1,77%, nessa ordem.
Os riscos fiscais ainda ficam no radar do investidor com provável sinalização do governo de um aumento maior de 5% para o funcionalismo público, acrescentou.
Mais cedo, João Abdouni, especialista em investimentos da Inversa, disse que o movimento negativo no pregão de hoje deve-se à preocupação com a inflação e juros mais altos. “A inflação descontrolada no mundo puxada por materiais básicos, dólar voltando a subir, juros altos, além de sinalizações do governo de que vai furar o teto de gastos causa mau humor”. Mas, diante de esse cenário, “a posição em Bolsa é de compra em exportadoras, com destaque para Suzano”. Os papéis da Suzano (SUZB3) subiram 0,55%.
Em relação à Vale, apesar de queda das ações, “a gente acha que a Vale está muito lucrativa e vai continuar pagando dividendos entre 15% e 20%”, destacou.
Em contraponto, Via (VIIA3), Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) devem sofrer no curto prazo “diante do cenário difícil com juros altos que dificulta o crediário, e a inflação correndo os salários”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,43%, cotado a R$ 4,6680. A moeda começou a precificar as próximas reuniões do Copom e, principalmente, do Fed, em um dia de baixa liquidez no mercado.
Segundo o analista da Ouro Preto, Bruno Komura, as reuniões do Fomc e Copom geram cautela, embora o fluxo tenha diminuído pouco: “Anda não dá para ter certeza se é uma tendência. À medida que isso acontecer, porém, as notícias locais irão ganhar mais força”, referindo-se à parte fiscal e política.
Komura enxerga os efeitos das eleições ainda neste semestre, com a definição das coligações, mas ressalta que “independente do candidato, o mercado vai ficar de olho na formação da equipe econômica de cada um deles”.
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o dólar está oscilando muito lá fora, com o DXY (cesta de moedas desenvolvidas) caindo. O fluxo estrangeiro continua estável, mas a liquidez está muito baixa”.
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “hoje a agenda é bem esvaziada, lá fora não tem nada. O dólar, assim, é neutro”. Rosa também projeta que a Selic (taxa básica de juros) terminal deve ser de 13,25%, patamar que deve perdurar por alguns meses.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas. O mercado já começou a precificar as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), marcados para o início de maio, ao mesmo tempo que esta é uma semana de agenda esvaziada e baixa liquidez.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,040% de 13,070% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,675%, de 12,720%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,060%, de 12,090% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,805% de 11,795%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta acompanhando os ganhos trimestrais numa das semanas mais movimentadas da temporada de balanços, com o início dos relatórios de ganhos das big techs.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,45%, 34.911,20 pontos
Nasdaq 100: +2,15%, 34.911,20 pontos
S&P 500: +1,60%, 4.462,21 pontos