Bolsa fecha em queda, na mínima do dia, e dólar sobe com impacto das eleições

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Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo- A Bolsa fecha em queda pelo segundo pregão seguido, na mínima do dia, em movimento oposto a Nova York, puxada pelas estatais, que são impactadas com o cenário de incerteza a cinco dias das eleições presidenciais.

As pesquisas recentes de intenção de voto mostram um empate técnico entre os candidatos.

Após a semana passada de fortes ganhos, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) registram duas sessões em queda. Os papéis caíram respectivamente 1,49%, a R$ 36,89 e 2,10%, cotado a R$ 33,53. Banco do Brasil (BBAS3) cedeu 1,71%, a R$ 39,51.

As ações de Magazine Luiza (MGLU) lideraram a alta do Ibovespa e subiram 5,14%, a R$ 4,29. As ações do setor de educação também avançaram na sessão de hoje refletindo uma possível vitória do governo do ex-presidente Lula. Iduq (IDUQ3) avançou 4,61%, a R$ 13,15 e Cogna (COGN3) aumentou 2,77%, cotada R$ 2,96.

Na ponta negativa, as ações da BRF (BRFS3) caíram 11,24, a R$ 12,24. O Citibank rebaixou a recomendação da empresa de alimentos para neutro.

O principal índice da B3 caiu 1,19%, aos 114.625,59 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 1,52%, aos 116.260 pontos. O giro financeiro foi de R$ 27,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa cai com os investidores “digerindo o cenário eleitoral do empate técnico entre Lula e Bolsonaro [visto das pesquisas da véspera], educacionais subindo forte hoje tendo em vista a questão do Fies com uma possível vitória do governo de esquerda”.

José Simão Jr, sócio e head de renda variável da Legend Investimentos, comentou que o mercado está volátil com o investidor cauteloso com as eleições.

“O preço/lucro (PL) da Bolsa está barato, mas temos vários desafios. O primeiro deles é ver quem vai ganhar a eleição e como vai sinalizar principalmente o arcabouço fiscal. E apesar dessa atratividade, não consigo ver a gente descolado do cenário externo com problemas de inflação, altas de juros mesmo que agora o mercado está mais animado com a temporada de balanços”.

Mais cedo, segundo Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios, o mercado reflete as eleições.

“As pesquisas anunciadas ontem apontando a estagnação do crescimento do Bolsonaro e pelo pouco tempo que se tem até o dia do pleito [30], as chances de reversão estão diminuindo. Devemos aguardar novas pesquisas e, se não houver um movimento de ascensão de Bolsonaro, as tensões devem se manter e com o resultado no domingo o comportamento na segunda ainda é imprevisível”.

Marinello disse que “caso o Lula ganhe ainda deve continuar o grau de incerteza porque não foram divulgados nomes para a Economia, se Bolsonaro sair vitoriosos mercados devem se acalmar uma vez que tem um Congresso a favor, boa parte do ministério deve continuar e, principalmente Paulo Guedes, será mantido no cargo”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,41%, cotado a R$ 5,3230. A moeda norte-americana refletiu as incertezas domésticas com a crescente tensão que envolve as eleições do próximo domingo.

Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o mercado lá fora melhorou, e aqui está estressado com a política. O (presidente, Jair) Bolsonaro vinha com força, mas a história do (ex-deputado) Roberto Jefferson atrapalhou. O temor é a postura caso ele perca as eleições, o que o mercado chama de 3º turno. Isso, caso aconteça, vai ser muito mal visto lá fora. Uma quebra da democracia”.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “com os desdobramentos do cenário político, os investidores estão em compasso de espera para a eleição”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam de lado, acompanhando os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), que devolveram os ganhos do início da semana.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,682% de 13,686% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,940%, de 12,900%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,840%, de 11,820% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,675% de 11,710%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com a Nasdaq subindo 2,2%, à medida que os investidores avaliavam a queda nos juros dos Treasuries e novos dados econômicos para buscarem mais pistas sobre a saúde da economia dos Estados Unidos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,07%, 31.836,74 pontos
Nasdaq 100: +2,25%, 11.199,1 pontos
S&P 500: +1,62%, 3.859,11 pontos

 

Com Paulo Holland e Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA