Bolsa fecha em queda mais moderada que exterior e dólar tem leve recuo; expectativa de juros mais altos nos EUA no radar

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda muito mais moderada que em Wall Street com a ajuda da Petrobras e em meio às preocupações com os juros mais altos nos Estados Unidos e com o mercado na expectativa para o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, no evento de Jackson Hole, sexta-feira (26), que deve dar pistas a direção da política monetária.

Somado a isso, os investidores ficam receosos com inflação e menor crescimento na Europa e atentos à China com o governo dando incentivos para alavancar a economia. Hoje o país cortou a taxa de juros para empréstimos de 1 ano para 3,65% e reduziu a de 5 anos para 4,3%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançaram 1,58% e 2,14% com a entrada de capital externo. E o destaque positivo ficou para as Americanas SA.

O principal índice da B3 caiu 0,89%, aos 110.500,53 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu 0,44%, aos 112.395 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22 bilhões. Em Wall Street, as bolsas fecharam em forte queda.

Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que o Ibovespa está caindo bem menos que as bolsas mundiais e se descola um pouco do exterior.

“O mercado aposta que o pior em relação à inflação já passou com o corte dos impostos para diminuir o preço dos combustíveis, subimos os juros antes que o mundo e estamos vendo um cenário eleitoral mais comportado com os dois candidatos que estão à frente nas pesquisas sinalizando coisas boas para o mercado”.

Mas disse que a partir de hoje começam as entrevistas de candidatos e o mercado deve ficar de olho.

Silva comentou que vale destacar a performance das Americanas S.A (AMER3), subiu mais 22,48% após o anúncio de Sergio Rial como CEO da empresa a partir do ano que vem. E, a Petrobras avançava na contramão de outras petrolíferas, “o que acaba sustentando o Ibovespa [com o forte peso que tem no índice].

O gestor da Galapagos Capital comentou que o grande trigger tem sido a Europa “com as preocupações com o crescimento e inflação, já que o preço do gás está na máxima história”.

E, nos Estados Unidos, o evento de Jackson Hole concentra toda a atenção do mercado para ver o rumo que o banco central norte-americano vai dar à política monetária dos Estados Unidos.

Pedro Queiroz, especialista de renda variável da SVN, disse que o mau humor começou desde a semana passada após a ata do Fed, que apesar de dovish, a autoridade deixou pontos em aberto e causou a abertura dos juros nos Estados Unidos, somado à preocupação com crise energética na Europa, alta de juros nos Estados Unidos e desaceleração da economia China.

“Na Europa, os países não conseguem fazer aperto monetário brusco porque boa parte está alavancados; nos Estados Unidos, o mais importante é o discurso que o Powell [Jerome Powell] vai apresentar em Jackson Hole e a gente acredita que ele vai dar uma sinalização de como vai ser a elevação [dos juros]. Apostamos que o Fed vai subir a taxa até o mercado norte-americano começar a desacelerar”.

Queiroz também citou a China, que apesar da redução dos juros, a economia está em desaceleração. ” Existe uma deterioração da confiança dos consumidores e empresários devido à crise no setor imobiliário e isso afeta o Brasil, o minério de ferro.”

O dólar fechou em leve queda, após uma abertura pressionada. Para Vanei Nagem, sócio-diretor da Pronto! Invest, o fluxo de moeda estrangeira ainda é muito grande, o que explica essa mudança de humor no mercado. “Continua entrando dólar, aumentando dia-a-dia. Isso refresca um pouco”, disse.

O dólar comercial caiu 0,07%, cotado a R$ 5,1640 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em setembro de 2022 caia 0,38%, cotado a R$ 5.230,00.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, com temor de que o FED (o banco central norte americano) subirá juros.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,730% de 13,730% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,155%, de 13,160%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,090%, de 12,130% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,835% de 11,835%, na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda, com a Nasdaq caindo 2,5%, à medida que Wall Street começa a antecipar um discurso mais agressivo por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) durante o simpósio de Jackson Hole nesta semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,91%, 33.063,61 pontos
Nasdaq 100: -2,55%, 12.381,6 pontos
S&P 500: -2,14%, 4.137,99 pontos

 

Com Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA